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Computador quântico atinge marco histórico com 6.100 qubits em sistema estável

Computador quântico atinge marco histórico com 6.100 qubits em sistema estável

Pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia estabeleceram um novo marco na computação quântica ao demonstrarem uma memória com 6.100 qubits funcionais, superando significativamente o recorde anterior e aproximando a tecnologia de aplicações práticas reais. O feito, publicado na revista Nature, representa um salto quantitativo e qualitativo rumo à chamada supremacia quântica.


“Este é um momento empolgante para a computação quântica de átomos neutros. Agora podemos vislumbrar um caminho para grandes computadores quânticos com correção de erros. Os blocos de construção estão prontos”, afirmou Manuel Endres, professor líder da pesquisa.


Significado do marco dos 1.000 qubits

O número 1.000 qubits é considerado o limite a partir do qual os computadores quânticos podem demonstrar vantagem prática sobre os sistemas tradicionais. Os 6.100 qubits alcançados não apenas ultrapassam essa barreira, mas sugerem que a escalabilidade da tecnologia é viável. Imagine que cada qubit é como um interruptor que pode estar ligado, desligado ou ambos simultaneamente – ter milhares desses interruptores quânticos coordenados permite resolver problemas complexos de forma exponencialmente mais rápida.

Tecnologia inovadora com átomos neutros

Diferente da maioria dos sistemas quânticos atuais que usam materiais supercondutores, esta pesquisa utilizou átomos neutros de césio suspensos no vácuo por feixes de laser ultraprecisos chamados “pinças ópticas”. O sistema funciona como uma caixa de ovos em escala atômica, onde cada átomo é posicionado individualmente em uma grade regular. A equipe dividiu um laser em mais de 12.000 feixes para criar essa matriz precisa.

Qualidade além da quantidade

O aspecto mais impressionante não é apenas o número de qubits, mas sua estabilidade excepcional. Os átomos mantiveram seu estado quântico por aproximadamente 13 segundos – quase dez vezes mais que sistemas anteriores – enquanto a precisão na manipulação individual atingiu 99,98%. “Qubits não são úteis sem qualidade. Agora temos quantidade e qualidade”, destacou Gyohei Nomura, membro da equipe.

Implicações para o futuro da computação

Este avanço acelera o caminho para aplicações práticas em áreas como:

  • Descoberta de medicamentos: Simulação precisa de moléculas complexas
  • Criptografia: Desenvolvimento de sistemas de segurança invioláveis
  • Inteligência artificial: Aceleração exponencial de algoritmos de machine learning

Próximos passos e correção de erros

O próximo grande desafio é implementar correção de erros em escala massiva. Sistemas quânticos são extremamente sensíveis a interferências externas, e a capacidade de detectar e corrigir erros automaticamente é crucial para aplicações comerciais. O nível de controle demonstrado sugere que os átomos neutros são candidatos promissores para esta etapa final.

Contexto brasileiro na corrida quântica

Enquanto países como EUA e China avançam rapidamente, o Brasil mantém pesquisas relevantes em instituições como o Sirius (fonte de luz sincrotron) e grupos de óptica quântica em universidades públicas. O desafio nacional será desenvolver expertise para não ficar dependente tecnologicamente quando a computação quântica se tornar commodity – especialmente em áreas sensíveis como segurança nacional e sistema financeiro.

Esta conquista representa mais que um recorde técnico: é a demonstração tangível de que a computação quântica está transitando da teoria para a prática. Assim como os primeiros computadores eletrônicos dos anos 1940 prenunciaram a revolução digital, sistemas com milhares de qubits estáveis anunciam uma nova era na capacidade de processamento de informação.

Da redação com informações de Nature e Site Inovação Tecnológica [DSK-DSK-25092025-1000-V2L]


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