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Editoras lançam “selo humano” para conter avalanche de livros escritos por inteligência artificial

Em meio à crescente presença da inteligência artificial na literatura, editoras independentes do Reino Unido estão adotando um “selo humano” para identificar livros escritos integralmente por autores reais. A iniciativa, liderada pela startup Books By People, propõe uma certificação de “leitura orgânica” como forma de valorizar a autoria genuína e combater o avanço de obras produzidas por IA.

Certificação busca garantir autenticidade literária

O selo será aplicado em livros que comprovem autoria humana, permitindo apenas o uso limitado de ferramentas de IA em tarefas auxiliares, como formatação ou geração de ideias. A proposta nasceu de uma parceria entre a Books By People e um grupo de editoras independentes britânicas, que enxergam na iniciativa uma defesa simbólica da criatividade humana frente ao conteúdo automatizado.

O primeiro título a receber a certificação será Telenovela, do escritor Gonzalo C. Garcia, previsto para lançamento em novembro pela Galley Beggar Press — uma das fundadoras do movimento. Segundo Sam Jordison, codiretor da editora e consultor da Books By People, “é tanto um selo de qualidade quanto uma garantia da humanidade compartilhada que buscamos nos livros”.

Reação ao avanço da IA na indústria editorial

A criação do selo surge num contexto de tensão crescente entre a indústria criativa e as grandes empresas de tecnologia. Autores e editoras têm manifestado preocupação com o uso indevido de obras literárias em treinamentos de sistemas de IA generativa, o que levanta questões éticas e jurídicas sobre propriedade intelectual e remuneração.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a empresa Anthropic — uma das concorrentes da OpenAI — concordou em pagar cerca de US$ 1,5 bilhão (aproximadamente R$ 8,1 bilhões) a escritores que alegaram ter suas obras copiadas e utilizadas sem autorização para treinar o chatbot da companhia.

Movimento quer se expandir globalmente

A Books By People planeja expandir sua certificação de “leitura orgânica” para outros mercados a partir de 2026, oferecendo o selo como uma forma de transparência editorial. A startup aposta que, diante da saturação de conteúdo automatizado, leitores passarão a valorizar obras que reafirmem a presença da sensibilidade humana no processo criativo.

Especialistas do setor acreditam que o movimento pode estimular novas políticas de regulação e incentivar editoras a adotar práticas mais éticas no uso de IA, equilibrando inovação tecnológica e proteção da autoria.

Com informações de VEJA e The Guardian.

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