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Força Total: Otimizando o Comando Cibernético dos EUA para o Combate Futuro

Diante da crescente ameaça de adversários como a China, o Comando Cibernético dos EUA precisa de ações estratégicas para agilizar a aquisição de tecnologia, gerir talentos e inovar mais rapidamente.

O Comando Cibernético dos EUA, uma força de elite criada para o combate digital, está sendo comparado a uma Ferrari presa em segunda marcha. Isso ocorre porque, enquanto adversários como a China expandem a velocidade e o alcance de suas operações cibernéticas, o comando americano enfrenta obstáculos de modelos de aquisição ultrapassados e processos de gestão de talentos ineficientes. A urgência é clara: o cenário de ameaças, alimentado por inteligência artificial, exige que os EUA aprimorem seus sistemas de suporte para se manterem à frente na guerra digital. Para isso, o comando precisa agir em frentes específicas: agilizar a aquisição de equipamentos e sistemas, fortalecer a gestão de talentos e acelerar o desenvolvimento de novas ferramentas.

A ameaça da China, classificada como a mais “ativa e persistente” pelo governo americano, é a principal motivação para a busca por uma maior agilidade. O foco na China é ecoado por líderes de defesa, que apontam para a ambição de Pequim de uma possível invasão de Taiwan. A velocidade é crucial, pois, ao contrário de sistemas de defesa tradicionais que levam anos para serem implementados, as capacidades cibernéticas podem oferecer vantagens assimétricas em questão de semanas ou meses. Para construir um arsenal digital mais ágil e fortalecer a dissuasão, o Comando Cibernético precisa modernizar sua infraestrutura de apoio, que hoje não está à altura da velocidade exigida pelo cenário de guerra digital.

Um dos maiores desafios é a burocracia na aquisição de tecnologia. A morosidade dos processos de contratação e orçamentários, aliada à fragmentação dos programas entre os diferentes setores das Forças Armadas, atrasa a entrega de ferramentas essenciais aos operadores. A solução, segundo especialistas, é simplificar os processos e construir uma força de trabalho de aquisição que entenda as demandas operacionais, as interdependências técnicas e as necessidades da missão. O ambiente do Comando Cibernético é único, pois as equipes são integradas por membros de todos os serviços militares e operam em múltiplas redes e níveis de classificação. Entender essa complexidade é vital para traduzir os requisitos em soluções eficazes e rápidas.

Outro ponto crítico é a gestão de talentos. O Comando Cibernético, em colaboração com o Departamento de Defesa, precisa desenvolver um modelo de carreira para seus especialistas que acabe com o que é chamado de “amadorismo perpétuo”. Hoje, muitos operadores talentosos completam sua missão de três anos e retornam às suas unidades de origem sem um plano de desenvolvimento profissional contínuo. Um modelo viável orientaria as carreiras desses profissionais por 15 a 20 anos, garantindo que a experiência adquirida seja reinvestida no ecossistema de defesa. Além disso, o comando deve investir em sua capacidade interna de desenvolvimento de software, criando equipes de engenheiros para complementar a aquisição externa e produzir ferramentas mais personalizadas.

Para aumentar a velocidade e a capacidade de resposta, o Comando Cibernético também pode se beneficiar de iniciativas como uma “Força-Tarefa de Capacidades Rápidas” e um “Centro de Inovação”. O primeiro seria uma equipe ágil e focada em desenvolver protótipos e ferramentas para as unidades operacionais, aproveitando a expertise de outras divisões de elite, como o Comando de Operações Especiais dos EUA. Já o segundo, um centro de inovação dedicado, criaria um espaço para a colaboração com a indústria e o meio acadêmico, permitindo a exploração e a integração de tecnologias emergentes diretamente alinhadas às necessidades da missão.

A colaboração com o setor privado e universidades é vista como essencial. A indústria traz agilidade, tecnologia de ponta e especialistas, enquanto as universidades podem contribuir com pesquisa e desenvolvimento. Ao abraçar modelos de aquisição ágeis e criar um espaço para experimentação, o Comando Cibernético pode aproveitar a capacidade de inovação do setor privado e acadêmico para superar a velocidade dos adversários. No fim das contas, a força dos EUA no ciberespaço dependerá de equipar seus combatentes com as capacidades mais avançadas, liberando todo o poder de seu pessoal, suas plataformas e seus parceiros.

Traduzido e adaptado de War on the Rocks

Redação do Movimento PB GME-GOO-15082025-A7D2E9-25F

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