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O Futuro Sem Propriedade: De Slogan Polêmico do FEM à Renda Básica Universal na Era da IA

O Futuro Sem Propriedade: De Slogan Polêmico do FEM à Renda Básica Universal na Era da IA
O Futuro Sem Propriedade: De Slogan Polêmico do FEM à Renda Básica Universal na Era da IA – Imagem: ilustração criada com inteligência artificial • prompt e conceito de Paulo Santos

O slogan “Você não possuirá nada e será feliz”, que emergiu em 2016 ligado ao Fórum Econômico Mundial (FEM), tem provocado intensos debates sobre o futuro da sociedade e da economia. Esta frase, que remete a tradições da ficção científica distópica, como ‘Admirável Mundo Novo’, de Aldous Huxley, ganha nova relevância com a ascensão da inteligência artificial e a discussão sobre a Renda Básica Universal (RBU), defendida por figuras como Elon Musk e Sam Altman.

Origem do Conceito e Sua Repercussão

Em 2016, o Fórum Econômico Mundial (FEM) divulgou uma previsão ambiciosa: até 2030, as pessoas poderiam “não possuir nada e ainda assim serem felizes”. A ideia central era a ascensão de uma economia de compartilhamento, onde o acesso a bens e serviços superaria a necessidade de propriedade privada. Carros autônomos por assinatura, moradias compartilhadas e serviços sob demanda exemplificavam essa visão.

Contudo, o slogan foi recebido com uma mistura de curiosidade e ceticismo. Para alguns, representava uma utopia de sustentabilidade e colaboração; para outros, uma distopia de controle e perda de autonomia individual. A polarização em torno da frase ressalta as complexas implicações sociais e econômicas de um futuro onde a posse material é drasticamente reduzida.

Conexões com a Ficção Científica Distópica

A visão do FEM não é inteiramente nova. Ela ecoa temas explorados por grandes obras da ficção científica que há décadas alertam para futuros em que a individualidade e a propriedade são suprimidas. Em “Admirável Mundo Novo” (Aldous Huxley), a sociedade é controlada por meio de condicionamento e satisfação artificial, onde a posse de bens não é o foco. Similarmente, “1984” (George Orwell) descreve um estado totalitário que monitora e controla todos os aspectos da vida dos cidadãos, incluindo seus bens.

A frase do FEM, ao sugerir um mundo onde a propriedade individual é substituída por acesso coletivo ou controlado, encontra paralelos diretos com esses cenários. Narrativas futuristas, especialmente do subgênero cyberpunk, também abordam a ideia de uma renda universal como uma necessidade em sociedades onde a automação extrema torna o trabalho humano obsoleto.

Renda Básica Universal (RBU): Uma Resposta à Automação?

No centro do debate sobre o futuro do trabalho e da propriedade está a Renda Básica Universal (RBU). Definida como um benefício universal e incondicional, pago regularmente a todos os cidadãos, sem exigência de trabalho ou critérios de renda, a RBU é vista por muitos como uma solução potencial para os desafios impostos pela inteligência artificial e pela automação.

  • Sam Altman (OpenAI) tem financiado experimentos com RBU, distribuindo milhões de dólares para testar seus efeitos práticos.
  • Elon Musk (Tesla, SpaceX) também defende a medida, argumentando que a automação e a IA tornarão inevitável algum tipo de renda mínima para todos para garantir a subsistência e a dignidade.

A RBU propõe uma redefinição do valor do trabalho e da contribuição social, onde o bem-estar básico é garantido, permitindo que as pessoas busquem outras formas de realização ou se adaptem a um mercado de trabalho em constante transformação.

A Visão de Futuro e o Debate na Paraíba

Especialistas dividem-se sobre a viabilidade e os impactos da RBU. Defensores a veem como uma ferramenta crucial para mitigar o desemprego em massa causado pela IA, garantindo dignidade e consumo básico. Argumentam que a RBU pode impulsionar a economia local e reduzir a desigualdade social, um tema de grande relevância em regiões como a Paraíba, onde a informalidade e a vulnerabilidade social ainda são desafios significativos.

Críticos, por outro lado, alertam para o custo fiscal elevado e para o risco de concentração de poder em grandes corporações que poderiam se beneficiar de uma população dependente. Eles sugerem alternativas como tributação progressiva sobre grandes fortunas e robôs, além de políticas sociais direcionadas que fortaleçam as redes de proteção existentes.

Experimentos práticos em países como a Finlândia e projetos privados nos EUA têm mostrado efeitos positivos no bem-estar e na saúde mental dos participantes, mas ainda não há consenso sobre a sustentabilidade da RBU em larga escala. Para a Paraíba e o Nordeste, a discussão sobre a RBU se insere no contexto de busca por políticas públicas inovadoras que possam enfrentar os desafios da modernização tecnológica sem deixar ninguém para trás, fomentando a inclusão e o desenvolvimento.

Da redação do Movimento PB.

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