Guerra Quântica: Exército Brasileiro mira superioridade decisória

A computação quântica surge como uma das inovações mais revolucionárias para o futuro da Defesa, prometendo ciclos de decisão drasticamente mais rápidos, seguros e precisos. Pesquisas de ponta, conduzidas pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos e por importantes centros acadêmicos europeus, apontam que processadores baseados em qubits podem encurtar significativamente o tempo necessário para otimização logística, análise criptográfica e simulações táticas complexas. Tal avanço tem um impacto direto no planejamento multidomínio, uma área de crescente importância para o Exército Brasileiro.
Salto Quântico no Poder Decisório
A aplicação militar da computação quântica representa uma transformação estrutural na maneira como as Forças Armadas processam informações, avaliam cenários e conduzem o processo decisório. Ao explorar princípios fundamentais como superposição e emaranhamento, os sistemas quânticos são capazes de solucionar problemas complexos de otimização combinatória e análise massiva de dados em uma fração do tempo que arquiteturas clássicas levariam.
Para a Força Terrestre, esses ganhos se traduzem diretamente no planejamento multidomínio. Eles permitem a simulação simultânea de múltiplos cursos de ação, a sincronização entre os domínios terrestre, cibernético, eletromagnético e informacional, além da antecipação de efeitos operacionais. O resultado é uma ampliação substancial da superioridade decisória, um conceito vital na guerra contemporânea.
Integração, Tecnologia Dual e Soberania Nacional
A natureza dual da computação quântica exige uma forte colaboração entre institutos militares de ciência e tecnologia, universidades e centros de pesquisa civis. Essa sinergia não só acelera os avanços em ciência de materiais, algoritmos avançados, inteligência artificial e segurança cibernética, mas também reduz as vulnerabilidades decorrentes da dependência tecnológica externa.
No Brasil, a incorporação progressiva dessa capacidade em sistemas estratégicos — como o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON), especialmente em sua Fase 2 — pode significar um salto qualitativo na consciência situacional, na proteção criptográfica e na resiliência das redes militares, com impacto direto na fronteira oeste. Este é um vetor crucial para a soberania tecnológica e a autonomia estratégica do País.
Resiliência Operacional e Desafios Éticos
Ao possibilitar a inteligência operacional orientada por dados, mesmo em frações isoladas, a computação quântica tende a diminuir a dependência de redes convencionais, que frequentemente são vulneráveis a jamming, interferência eletromagnética e ataques cibernéticos. Esse fator aumenta a resiliência operacional e a capacidade de atuação em ambientes degradados ou contestados.
Contudo, o avanço tecnológico impõe desafios éticos e doutrinários significativos. O uso de sistemas autônomos apoiados por processamento quântico exige critérios claros de governança, transparência algorítmica e responsabilização no emprego da força. Como alertam autores clássicos da estratégia, da prudência de Clausewitz à dissuasão tecnológica analisada por Edward Luttwak, o verdadeiro desafio não reside apenas na tecnologia em si, mas na forma como ela é integrada à decisão humana.
Da redação do Movimento PB.
