Huawei Patenteia Estratégia Audaciosa para Superar Bloqueio de Chips dos EUA com Tecnologia ‘Antiga’

Em um movimento que promete acirrar ainda mais a já tensa “Guerra dos Chips”, a gigante chinesa Huawei registrou uma patente que, em tese, poderia revolucionar sua capacidade de produzir semicondutores avançados, driblando as rigorosas sanções impostas pelos Estados Unidos. A inovação visa permitir a fabricação de processadores que poderiam rivalizar com os de 2 nanômetros (nm) da TSMC, utilizando, paradoxalmente, tecnologias de fotolitografia consideradas menos avançadas.
A Inovação por Trás da Patente
A documentação da patente, submetida em 2022 e tornada pública em 2025, foca em superar um obstáculo técnico crucial conhecido como Erro de Colocação de Borda (EPE). Este erro se manifesta de forma crítica em nós de fabricação mais modernos, onde a distância entre as linhas de metal nos chips é microscópica, afetando diretamente a performance e a miniaturização.
A proposta da Huawei é engenhosa: empregar um método que viabilize espaçamentos de metal inferiores a 21 nm, mesmo utilizando a tecnologia de ultravioleta profundo (UVP). Esta tecnologia é acessível à China, ao contrário do ultravioleta extremo (UVE), o padrão global de ponta, que está sob bloqueio de exportação por empresas como a ASML, fundamental para a fabricação dos chips mais avançados.
Em essência, a patente descreve uma forma de “supervitaminar” a litografia mais antiga, introduzindo um esquema especial de dupla máscara. Se bem-sucedida, essa técnica permitiria à China produzir chips com densidade e desempenho próximos aos processos de 2 nm ocidentais, sem a necessidade das máquinas de ponta às quais não têm acesso. Seria, de fato, um drible tecnológico nas sanções comerciais, redefinindo o cenário geopolítico da tecnologia.
Contexto Atual da Huawei
Recentemente, a Huawei lançou os chips Kirin 9030 e Kirin 9030 Pro, fabricados em um processo de 5 nm. Embora representem um avanço significativo para a empresa, esses chips ainda estão um passo atrás dos mais avançados de 3 nm do ocidente. A plataforma é fruto de uma parceria com a SMIC e utiliza um processo N+3, demonstrando a busca contínua por autonomia tecnológica.
Desafios da Realidade Industrial
Apesar da notável engenhosidade da invenção, é fundamental conter o entusiasmo. Existe uma diferença abissal entre uma invenção teórica e a realidade da produção industrial em massa. A patente, que ainda está sob análise e não foi oficialmente concedida, enfrenta dois grandes obstáculos:
- Ideia vs. Implementação: Uma patente é, antes de tudo, uma ideia. Não há garantia de que o processo descrito possa ser traduzido com sucesso para um ambiente de fábrica em larga escala.
- Viabilidade e Rendimento: Mesmo que a técnica funcione em laboratório, as dificuldades de implementá-la em massa são imensas. Se o yield (taxa de sucesso na fabricação de chips sem defeitos) for muito baixo, a maioria dos chips produzidos seria inviável economicamente, resultando em um desperdício maciço de investimento.
Portanto, enquanto a patente da Huawei é um testemunho da determinação tecnológica chinesa em superar barreiras, a concretização de uma quebra efetiva no bloqueio de chips ainda se mostra um caminho longo e repleto de desafios.
Da redação do Movimento PB.
