Nova espécie de dinossauro carnívoro na Índia revela elo evolutivo entre continentes

Descoberta do Maleriraptor kuttyi, predador ágil de 220 milhões de anos, reescreve a história da dispersão dos dinossauros no Triássico Superior

A ponte entre as Américas e a Índia

Paleontólogos identificaram o Maleriraptor kuttyi, uma nova espécie de dinossauro carnívoro que viveu há 220 milhões de anos no centro-sul da Índia. Com cerca de 3 metros de comprimento e estrutura bípede, esse predador preenche uma lacuna evolutiva crucial: conecta os herrerassauros da América do Sul (como os encontrados na Argentina e no Brasil) a terópodes mais recentes da América do Norte.

Os fósseis, coletados há quatro décadas na Formação Maleri Superior, foram reanalisados com técnicas modernas de morfometria e filogenia. Os resultados mostram que o animal possuía características intermediárias, como vértebras pélvicas alongadas e membros anteriores flexíveis, típicas de caçadores ágeis.

Clima: a chave para a sobrevivência na Índia

A presença do Maleriraptor na Índia, mas não na América do Sul durante o Noriano (Triássico Superior), está ligada a diferenças climáticas. Reconstruções paleoclimáticas indicam que a região indiana tinha temperaturas e umidade semelhantes ao sul da América do Norte, enquanto a América do Sul era mais árida.

Essa adaptação a ambientes úmidos explica por que os herrerassauros sobreviveram na Índia mesmo após a extinção dos rincossauros (répteis herbívoros dominantes), ocorrida no Carniano. A descoberta também revela paralelos entre a fauna indiana e a brasileira da época, ambas com ecossistemas ricos em rios e vegetação densa.

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Tecnologia e métodos revolucionários

A classificação do Maleriraptor só foi possível graças a:

  1. Modelagem 3D de ossos, permitindo comparações precisas com fósseis de outros continentes.
  2. Análises filogenéticas que situaram a espécie como um “elo perdido” entre linhagens geograficamente distantes.
  3. Datação estratigráfica avançada, confirmando a idade da Formação Maleri Superior (Noriano Inferior).

Segundo o Dr. Martín Ezcurra, paleontólogo argentino coautor do estudo, “essa descoberta redefine nossa compreensão sobre como os dinossauros se diversificaram após a fragmentação do Gondwana”.

Duas descobertas, duas revoluções

Enquanto a Índia revelava seu predador triássico, paleontólogos na Mongólia desenterravam o Duonychus tsogtbaatari, um terizinossauro herbívoro do Cretáceo Superior com apenas dois dedos equipados com garras de 30 cm. A espécie, que homenageia o paleontólogo mongol Khishigjav Tsogtbaatar, preservava até a bainha de queratina das garras — estrutura semelhante a unhas humanas.

Apesar de pertencerem ao mesmo grupo dos terópodes (que inclui o T. rex), as duas espécies ilustram caminhos evolutivos opostos:

  • Maleriraptor: caçador ágil, símbolo da expansão carnívora no Triássico.
  • Duonychus: herbívoro especializado, exemplo de adaptação extrema no Cretáceo.

Impacto científico e próximos passos

A descoberta do Maleriraptor kuttyi reforça a Índia como um hotspot paleontológico e levanta novas questões:

  • Como os dinossauros carnívoros cruzaram oceanos durante a deriva continental?
  • Qual o papel das extinções do Triássico na dominância jurássica dos dinossauros?

Equipes já planejam escavações em bacias sedimentares do Rajastão e Madhya Pradesh, onde novos fósseis podem surgir.

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Fonte: Adaptado de Click Petróleo e Gás , Olhar Digital , Dino Planet , Techno-Science , e Aventuras na História .

Imagem: Ai

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