Punctum: o enigma cósmico que desafia a astronomia
Descoberto em uma galáxia vizinha, o objeto é tão luminoso e estranho que ninguém sabe o que ele realmente é
Astrônomos da Universidade Diego Portales, no Chile, se depararam com um mistério cósmico em uma galáxia próxima da Via Láctea. Batizado de Punctum, que significa “ponto” em latim, o objeto astronômico foi detectado apenas em ondas de rádio milimétricas, apresentando um brilho e uma energia que superam qualquer coisa já vista em sua categoria. Esse fenômeno, tão incomum, levantou uma série de questionamentos e colocou a comunidade científica em alerta: afinal, o que é Punctum?

O que torna o Punctum tão intrigante é a sua luminosidade excepcional nessas frequências, superando magnetares, microquasares e quase todas as supernovas. Ele só perde para a Nebulosa do Caranguejo, uma das fontes mais conhecidas associadas a estrelas em nossa galáxia. Além do brilho, o objeto exibe uma forte polarização luminosa, um indicativo de que ele possui um campo magnético compacto e extremamente estruturado. Essa combinação de características não se encaixa em nenhuma categoria de objeto astronômico conhecida, como explica a líder da pesquisa, Elena Shablovinskaia.
Para que o tema fique mais claro, entenda melhor alguns dos termos técnicos e conceitos-chave. Ondas de rádio milimétricas são um tipo de radiação eletromagnética, parte do espectro invisível ao olho humano. Elas costumam ser emitidas por objetos frios no espaço, como nuvens de gás, mas também podem ser geradas por fenômenos extremamente energéticos, como o que está acontecendo com o Punctum. Já a polarização luminosa se refere à orientação da luz, e quando ela é forte, sugere que a fonte da luz tem um campo magnético muito organizado e compacto.
A galáxia onde o Punctum foi encontrado, a NGC 4945, está a “apenas” 11 milhões de anos-luz de distância. Apesar de relativamente próxima, o objeto não é visível em luz comum ou raios X, o que aumenta o enigma. As principais hipóteses levantadas pelos cientistas incluem um magnetar incomum ou um remanescente de supernova excepcionalmente energético. No entanto, nenhuma dessas explicações se encaixa perfeitamente nas observações, já que o Punctum é muito mais luminoso que os magnetares conhecidos e muito menor que os remanescentes de supernova mais brilhantes. A única certeza é que sua luz permaneceu estável nas observações de 2023, descartando a possibilidade de ser uma explosão passageira.
A descoberta do Punctum é um lembrete vívido de que o cosmos ainda guarda muitos segredos. A pesquisa foi possível graças à sensibilidade e alta resolução do Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), um observatório no Chile. Agora, a esperança da equipe está voltada para observações futuras, incluindo o Telescópio Espacial James Webb (JWST), que poderia detectar o objeto em infravermelho e fornecer pistas cruciais sobre sua natureza. Enquanto isso, o Punctum continua sendo um ponto de luz misterioso, um ponto de interrogação no céu que pode redefinir o nosso entendimento sobre o universo.
Da redação com informações de Space.com e revista Astronomy & Astrophysics
Redação do Movimento PB GME-GOO-13082025-C9A3F7-25F