Sangria de R$ 23 Bilhões: Como a Dependência Tecnológica Drena Cofres Públicos e o “Software Livre” Pode Ser a Cura
O Paradoxo Brasileiro: Bilhões para Fora, Escassez para Dentro
Um estudo recente da USP e da UnB revelou um dado alarmante sobre a soberania tecnológica do Brasil: entre 2014 e 2025, o setor público gastou pelo menos R$ 23 bilhões em tecnologias estrangeiras. Somente no último ano, essa sangria dos cofres públicos para os bolsos de gigantes como Microsoft, Oracle e Google ultrapassou os R$ 10 bilhões. O paradoxo é cruel: enquanto o dinheiro brasileiro financia a inovação em outros países, nossas universidades, centros de pesquisa e startups enfrentam uma crônica escassez de recursos.
Essa dependência de softwares proprietários, cujos códigos são fechados e o controle é total da empresa fornecedora, não é apenas um problema financeiro. Em um cenário de crescente tensão geopolítica, como a crise atual com os Estados Unidos, ela se revela uma grave vulnerabilidade estratégica, um ponto que foi recentemente levantado pela ministra da Gestão, Esther Dweck.
A Alternativa Nacional: O Exemplo do Setor de Arquitetura
Contudo, existe uma alternativa robusta e viável: o software livre. Programas de código aberto, que podem ser livremente usados, modificados e distribuídos, representam um caminho para a economia e, principalmente, para a autonomia. Um exemplo prático e inspirador vem do projeto Solare (Softwares Livres para Arquitetura e Engenharia), fomentado pela Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA).
O objetivo do Solare é incentivar o uso e o desenvolvimento de ferramentas de código aberto para o dia a dia de arquitetos e engenheiros. A ideia é que essas soluções, amadurecidas pela comunidade profissional, possam ser adotadas em larga escala pelo poder público, gerando uma economia massiva que poderia ser redirecionada para outras demandas urgentes da população.
Mais que Economia: Soberania e Empregos Qualificados
Os benefícios, no entanto, vão muito além da economia. Como destaca a coordenadora do Solare, Paula Moreira, ao fomentar o desenvolvimento dessas ferramentas no Brasil, “a gente estimula a criação e o conhecimento e gera novos empregos na área de TI“. Em vez de enviar recursos para fora, o país passaria a investir em seus próprios talentos, fortalecendo a indústria tecnológica nacional.
O ponto mais crucial, talvez, seja a soberania. “Essa eliminação de gastos […] é algo que vem em mente, certo? Porém, eu acho que também tem outras questões, como a autonomia tecnológica do órgão, do país, da nossa sociedade”, afirma Paula. Com o software livre, o setor público ganha o poder de adaptar as ferramentas às suas necessidades específicas, contratando programadores locais para customizar soluções, algo impensável com os softwares de “caixa-preta” das big techs.
A discussão sobre o software livre, portanto, deixa de ser um debate de nicho e se torna uma pauta estratégica para o futuro do Brasil. A escolha por soluções abertas e nacionais é um caminho direto para um país menos dependente, mais inovador e com uma economia digital mais forte e soberana.
Da redação com informações da Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas
Redação do Movimento PB [GME-GOO-04082025-1012-15P]