SpaceSail: Rede de satélites chinesa chega ao Brasil com parceria da Telebras e mira Starlink
Startup de Xangai focará em regiões remotas, como zonas rurais e comunidades indígenas, e acirra disputa global pela conectividade.
A SpaceSail, startup sediada em Xangai, firmou uma parceria estratégica com a Telebras para levar banda larga a regiões remotas do Brasil. O objetivo é oferecer conectividade estável e de alta velocidade em locais onde a infraestrutura tradicional não chega, como comunidades indígenas, zonas rurais e áreas afetadas por desastres naturais. A empresa garante que o sistema manterá a qualidade do sinal mesmo sob condições climáticas extremas.
O projeto integra um esforço maior de Pequim, incluindo a constelação de satélites Qianfan (Mil Velas). A previsão é que, até 2030, a SpaceSail opere com cerca de 15 mil satélites em órbita baixa (LEO), posicionando a China no mesmo patamar tecnológico dos Estados Unidos na corrida espacial digital.
Nova corrida espacial digital
Em comparação, a Starlink, de Elon Musk, possui atualmente cerca de 7 mil satélites e projeta atingir 42 mil nos próximos anos. A diferença estratégica, no entanto, é que enquanto o modelo americano foca na expansão global individual, o modelo chinês busca alianças locais e infraestrutura compartilhada, como a firmada com a Telebras.
Ambas apostam nos satélites de órbita baixa (entre 500 e 2.000 km de altitude), que ganham espaço por oferecerem menor latência (tempo de resposta) e desempenho superior em tempo real. Isso é crucial para videochamadas, jogos online e transmissões ao vivo, algo que os satélites geoestacionários (a 36 mil km) não conseguem entregar com a mesma velocidade.
A infraestrutura projetada pela SpaceSail prevê a instalação de antenas receptoras e estações terrestres, criando uma rede robusta. Os investimentos para consolidar essa infraestrutura já superam R$ 4,7 bilhões, aportados por um fundo estatal chinês. A expectativa é levar conectividade a mais de 30 países, com destaque inicial para a América do Sul.
Soberania digital e tensões
Com a chegada da SpaceSail à América Latina, especialistas enxergam benefícios e riscos. Por um lado, a competição tende a baixar os custos para os consumidores e acelerar a inclusão digital, especialmente em áreas onde a Starlink hoje domina como opção única.
Por outro, há alertas sobre o aumento do congestionamento orbital e o controle estatal da informação, dado que o governo chinês impõe regras rígidas ao tráfego de dados. A presença chinesa levanta discussões sobre soberania digital, mas também surge como alternativa para países do Sul Global que buscam mais autonomia em telecomunicações.
Da redação do Movimento PB. [GMN-OOG-08112025-5A9B1C8-V18.2]
