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Suíços lançam Apertus, modelo de IA totalmente aberto e soberano

Primeiro LLM suíço busca transparência total e independência tecnológica

Uma iniciativa acadêmica na Suíça apresentou o Apertus, modelo de linguagem natural (LLM) de código totalmente aberto que disponibiliza sem restrições os pesos, dados de treinamento, código-fonte e documentação. O projeto é liderado pela Escola Politécnica Federal de Lausana (EPFL) e pretende fortalecer a soberania digital europeia.

O Apertus está disponível em versões com 8 bilhões e 70 bilhões de parâmetros, podendo ser baixado diretamente pelo público. A proposta contrasta com a prática das grandes empresas de tecnologia, que costumam restringir o acesso a dados e processos internos.

Transparência como princípio

Enquanto modelos como o DeepSeek, da China, e até o Llama, da Meta, liberam apenas parte de sua estrutura, o consórcio suíço publicou integralmente os componentes do Apertus. Isso inclui os conjuntos de dados usados, os pesos já treinados e até o código do processo de aprendizagem.

Com essa decisão, os pesquisadores buscam facilitar a identificação de vieses e falhas, além de assegurar conformidade com legislações como o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR), que inspirou a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil.

Impactos e disputas internacionais

O movimento suíço ocorre em um cenário de debate entre as big techs. Enquanto a Meta avalia restringir novamente o acesso a modelos da família Llama, a OpenAI mantém sua tecnologia avançada fechada, mas já sinaliza o lançamento de um sistema parcialmente aberto.

Segundo a associação industrial Swissmem, a força do Apertus está na segurança e adequação legal, mesmo que ele não alcance a performance bruta dos modelos de Google, OpenAI, Anthropic ou xAI. Para a indústria europeia, a confiabilidade regulatória pode ser um diferencial estratégico.

IAs soberanas em alta

O Apertus insere a Suíça no movimento global de construção de modelos nacionais de inteligência artificial. Diversos países já discutem projetos semelhantes para reduzir a dependência tecnológica dos Estados Unidos e da China. A aposta é que sistemas abertos permitam maior autonomia em pesquisa, políticas públicas e soluções empresariais.

No Brasil, a pauta também avança. O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) prevê investimentos de R$ 23 bilhões até 2028 para desenvolver um modelo nacional. A iniciativa é vista como estratégica para proteger dados, estimular a inovação e apoiar setores produtivos com tecnologia própria.

Explicando em termos simples

Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos: imagine que uma IA é como uma receita de bolo. Normalmente, empresas compartilham apenas o bolo pronto, mas escondem os ingredientes e o modo de preparo. No caso do Apertus, os suíços entregam tudo: a receita completa, os ingredientes e até os utensílios usados. Isso permite que qualquer pessoa com os recursos adequados possa reproduzir o processo, adaptar a receita e verificar se não há falhas ou ingredientes suspeitos.

Conclusão

O lançamento do Apertus simboliza uma mudança de rota no desenvolvimento de IA, priorizando transparência, soberania digital e segurança jurídica. Embora não dispute a liderança em desempenho, sua abertura radical pode influenciar governos e empresas que buscam modelos confiáveis e compatíveis com legislações rígidas. Para o Brasil e outros países em desenvolvimento, o exemplo suíço mostra que há espaço para iniciativas que valorizem tanto a independência tecnológica quanto a responsabilidade social no uso da inteligência artificial.

Traduzido e adaptado de Tecnoblog

Redação do Movimento PB [TPG-OPO-05092025-B82F9A-12V]


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