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Supercomputador quântico quebra recordes e opera à temperatura ambiente

Supercomputador quântico quebra recordes e opera à temperatura ambiente

Avanço histórico cria sistema com 6.100 qubits e elimina necessidade de resfriamento extremo

Pesquisadores alcançaram um marco na computação quântica ao construir um supercomputador capaz de operar com 6.100 qubits à temperatura ambiente, superando recordes anteriores e simplificando um dos maiores desafios técnicos da área. O estudo, publicado na revista Nature em setembro, representa um salto significativo rumo à criação de máquinas quânticas mais acessíveis e eficientes.

O sistema foi desenvolvido com base em uma técnica chamada pinças ópticas, que utiliza lasers para aprisionar e controlar átomos neutros individualmente. Cada feixe de luz foi dividido em cerca de 12 mil “pinças”, permitindo o posicionamento preciso dos átomos que funcionam como qubits — as unidades básicas de informação quântica.

A inovação é liderada por uma equipe da Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), que registrou a captura de milhares de átomos de césio em um espaço de apenas um milímetro de diâmetro. Esse arranjo não apenas multiplicou a capacidade de qubits de centenas para milhares, como também ampliou o chamado “tempo de coerência” — o período em que as partículas mantêm seu estado quântico — de poucos segundos para impressionantes 12,6 segundos.

Computação quântica mais estável e sem necessidade de criogenia

Em sistemas tradicionais, computadores quânticos dependem de temperaturas próximas do zero absoluto, exigindo estruturas caríssimas e complexas. O novo modelo elimina essa limitação, operando em temperatura ambiente e reduzindo drasticamente os custos de manutenção. Isso representa um passo essencial para tornar a tecnologia viável em escala industrial e comercial.

Além disso, o aumento do tempo de estabilidade dos qubits permite realizar cálculos mais longos e precisos, algo fundamental para a execução de algoritmos complexos de correção de erros — um dos principais entraves da computação quântica atual.

“Agora podemos visualizar um caminho para computadores quânticos grandes com correção de erros. Os blocos fundamentais já estão prontos”, afirmou Manuel Endres, físico da Caltech e um dos autores do estudo.

Perspectivas para o futuro da supercomputação

Apesar dos resultados promissores, os cientistas ressaltam que ainda falta um longo caminho até que computadores quânticos substituam supercomputadores convencionais em tarefas cotidianas. No entanto, a nova arquitetura pode acelerar pesquisas em áreas como química, inteligência artificial e simulações físicas, abrindo possibilidades inéditas para o desenvolvimento tecnológico.

Com a manipulação precisa de átomos neutros e maior controle sobre seu estado quântico, os pesquisadores acreditam que será possível expandir ainda mais o número de qubits sem comprometer a coerência. O próximo passo envolve aprimorar técnicas de entrelaçamento e movimentação atômica, aproximando a ciência de um sistema quântico realmente funcional e escalável.

Da redação Movimento PB — [CRTQD-MVPB-18102025-Q6A1-V16]