Ciências

Urina é transformada em matéria-prima para implantes dentários e promete revolução ecológica

Cientistas desenvolvem método sustentável para produzir hidroxiapatita a partir de resíduos humanos

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Irvine (EUA), anunciaram um avanço que une saúde, biotecnologia e sustentabilidade: a produção de hidroxiapatita — mineral fundamental na composição de dentes e ossos — a partir da urina humana. O estudo foi publicado na revista científica Nature Communications e já gera expectativas na área de implantes dentários e regeneração óssea.

Atualmente, a hidroxiapatita é obtida por meio da extração de rochas ou por processos industriais químicos, métodos que são considerados mais caros e poluentes. A nova técnica, por outro lado, propõe um ciclo produtivo mais limpo, utilizando um resíduo abundante e geralmente descartado sem aproveitamento.

Como funciona a tecnologia baseada em leveduras probióticas

O processo se baseia no uso da levedura Saccharomyces boulardii, micro-organismo comum em probióticos. Os cientistas a modificaram geneticamente para metabolizar a ureia — principal composto presente na urina — e, em um ciclo de apenas 24 horas, converter o líquido em hidroxiapatita.

A eficiência da transformação surpreendeu: estima-se que seja possível obter cerca de um grama de hidroxiapatita por litro de urina. Para além da aplicação imediata em implantes dentários e cirurgias de reconstrução óssea, os pesquisadores veem potencial para produzir materiais biodegradáveis e até plásticos sustentáveis.

Inovação que pode reduzir custos e impacto ambiental

O método representa não apenas um avanço médico, mas também um benefício ambiental significativo. Ao substituir processos químicos industriais poluentes, essa biotecnologia pode reduzir drasticamente os custos de produção da hidroxiapatita e tornar tratamentos dentários mais acessíveis.

Segundo os autores do estudo, “trata-se de um avanço que une inovação médica e benefícios ecológicos, aproveitando algo que seria simplesmente descartado”. O uso de uma fonte tão inusitada como a urina também abre espaço para novas pesquisas sobre reciclagem de resíduos biológicos na indústria da saúde e da tecnologia.

O projeto ainda está em estágio de desenvolvimento, mas os resultados iniciais indicam um caminho promissor para integrar sustentabilidade e inovação biomédica — algo cada vez mais urgente diante dos desafios ambientais e da crescente demanda por tecnologias médicas de baixo impacto.


Da redação com informações de Pardal Tech    [PTG-OAI-10072025-1957-4OT]

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