Alemanha recruta gamers na Gamescom : inteligência e exército buscam talentos digitais
O Serviço Federal de Inteligência alemão (BND) e as Forças Armadas da Alemanha (Bundeswehr) montaram operação de recrutamento inédita na Gamescom, maior feira de games do mundo, que abre nesta quinta-feira (21/08) em Colônia. Com estandes interativos, as instituições buscam jovens talentos com afinidade tecnológica para integrar suas equipes.
Estande da inteligência
Com 100 metros quadrados e 40 funcionários uniformizados, o BND apresenta “BND Legends – Operation Blackbox”, jogo onde participantes assumem identidade de agente infiltrado para impedir ciberataques. Julia Linner, porta-voz da agência, explica que a feira ajuda a desmistificar a instituição vista como “caixa-preta” enquanto identifica profissionais qualificados.
Simuladores militares
As Forças Armadas alemãs oferecem experiências imersivas com simuladores de tanques e helicópteros, além de treino físico com coletes à prova de balas sob o slogan “Você está pronto para o próximo nível?”. A Unidade de Guerra Eletrônica (Eloka) demonstra aplicações de inteligência artificial em jogos, reforçando a interface entre tecnologia militar e entretenimento.
Estratégia de captação
Marco Mann, porta-voz do exército, defende que a presença desde 2009 na feira é essencial para mostrar as Forças Armadas como empregador atraente. “Estamos onde está nosso público-alvo”, afirma, referindo-se ao perfil tecnológico dos gamers. O recrutamento ganhou urgência desde a abolição do serviço obrigatório em 2011, com pressão para ampliação de contingentes.
Controvérsias éticas
Críticos como Jürgen Grässlin, da Sociedade Alemã para a Paz, questionam a ética da estratégia. “Nos jogos de tiro, gamers simulam matar sendo recompensados com pontos. Se alguém contratado leva isso adiante, o jogo virtual pode se transformar em realidade brutal no campo de batalha”, argumenta o ativista.
Para quem não é da área, podemos simplificar alguns conceitos: ciberguerra envolve operações digitais para defender ou atacar sistemas informatizados; guerra eletrônica refere-se ao uso do espectro eletromagnético para perturbar comunicações inimigas; já simuladores militares replicam cenários de combate para treinamento sem riscos reais.
Esta iniciativa alemã representa uma mudança paradigmática no recrutamento de inteligência e defesa. Ao buscar talentos no ambiente descontraído de uma feira de games, as instituições reconhecem que as habilidades desenvolvidas no universo gamer – pensamento estratégico, adaptação a múltiplos papéis e afinidade tecnológica – são exatamente as necessárias para operações modernas de segurança nacional. O sucesso desta estratégia poderá influenciar políticas de recrutamento em outros países, incluindo o Brasil.
Redação do Movimento PB com informações de DW
Redação do Movimento PB [DSR-DEE-18082025-4V5W6X-R1]
Descubra mais sobre Movimento PB
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.