Apesar do avanço dos livros digitais, 56% dos brasileiros ainda preferem obras impressas. Presidente da Câmara Brasileira do Livro explica o fascínio pelo “cheiro do papel” e a experiência sensorial única dos livros físicos.
O Fascínio Pelos Livros Físicos em um Mundo Digital
Em um cenário cada vez mais digital, os livros físicos continuam a conquistar leitores no Brasil. Segundo a pesquisa “Panorama do Consumo de Livros”, realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL) em parceria com a Nielsen BookData, 56% dos consumidores adquiriram exclusivamente livros impressos nos últimos 12 meses, enquanto apenas 14% optaram por obras digitais.

A presidente da CBL, Sevani Matos, explica que a preferência pelos livros físicos está ligada a uma experiência sensorial única. “Elementos como a textura das páginas, o cheiro do papel, o design gráfico e a diagramação criam um vínculo afetivo com o leitor”, destaca. Para muitos, a possibilidade de manusear o livro antes da compra e a ausência de telas durante a leitura são fatores decisivos.
Experiência Sensorial e Conexão Afetiva
A pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil” revelou que 57% dos entrevistados preferem ler livros em papel, enquanto 22% optam por formatos digitais. A experiência tátil e visual proporcionada pelos livros físicos é um dos principais motivos para essa escolha. “O livro físico carrega um valor simbólico que vai além do conteúdo impresso”, afirma Sevani.
O livro físico é insubstituível para quem valoriza a materialidade e o prazer sensorial de folhear uma obra impressa
A capa, as ilustrações, o tipo de papel e até o relevo do título são elementos que atraem os leitores. Além disso, a possibilidade de construir uma biblioteca pessoal e colecionar obras impressas reforça o vínculo afetivo com a cultura literária.
Diferenças Geracionais e Preferências de Consumo
A pesquisa também apontou diferenças nas preferências entre gerações. Enquanto 18% dos leitores de 18 a 24 anos consomem exclusivamente livros digitais, esse percentual cai para 12% entre os leitores de 45 a 64 anos. Os mais jovens tendem a adotar mais rapidamente as tecnologias digitais, mas ainda há um espaço significativo para os livros físicos em todas as faixas etárias.
Sevani Matos ressalta que os formatos impresso e digital são complementares. “A tecnologia é uma ferramenta essencial para promover o hábito da leitura, mas as livrarias físicas continuam sendo fundamentais para quem deseja conhecer novos títulos e receber recomendações”, afirma.
Desafios e Oportunidades para o Mercado Editorial
Apesar do crescimento dos e-books e audiolivros, o mercado editorial brasileiro ainda é dominado pelos livros físicos. Em 2023, foram produzidos 45 mil títulos impressos, totalizando 320 milhões de exemplares. No mesmo período, apenas 14 mil títulos foram lançados em formato digital, representando 8% do faturamento das editoras.
A CBL defende a importância de políticas públicas que incentivem o acesso ao livro e à leitura, como a regulamentação da Política Nacional de Leitura e Escrita (PNLE). “É urgente ampliar o acesso ao livro e fortalecer a cadeia criativa e produtiva do setor”, afirma Sevani.
O Livro Físico como Herança Cultural
Os livros físicos continuam a desempenhar um papel fundamental na cultura literária brasileira, oferecendo uma experiência única que vai além do conteúdo. Enquanto os formatos digitais ganham espaço, especialmente entre os mais jovens, o livro impresso mantém seu valor como objeto de coleção e herança cultural.
Para Sevani Matos, a coexistência de ambos os formatos é essencial para ampliar o acesso à leitura e enriquecer a experiência dos leitores. “O livro físico é insubstituível para quem valoriza a materialidade e o prazer sensorial de folhear uma obra impressa”, conclui.
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Com base na entrevista publicada pelo Portal R7