CulturaCultura Pop

Maior rede de cinemas do mundo aposta em exclusividade de 45 dias para reverter queda de público

Maior rede de cinemas do mundo aposta em exclusividade de 45 dias para reverter queda de público

Proposta da AMC tenta frear crise iniciada na pandemia e recuperar prestígio das salas diante do avanço do streaming

Por Redação MovimentoPB

A AMC Entertainment, maior rede de cinemas do mundo, anunciou que está negociando com os principais estúdios de Hollywood a adoção de uma janela mínima de 45 dias de exclusividade para exibição de filmes nas telonas antes que cheguem ao streaming. A proposta busca enfrentar a crise no setor, que se agravou durante a pandemia de Covid-19 e acelerou a migração do público para plataformas digitais.

Adam Aron, CEO da AMC, afirmou ao portal Deadline que a indústria cinematográfica está “deixando dinheiro na mesa” ao permitir lançamentos digitais com prazos tão curtos, e defendeu que a exclusividade de 45 dias se torne um padrão. Atualmente, apenas a Disney mantém uma janela superior, com 60 dias, enquanto outros estúdios variam entre 18 e 36 dias.

“A Disney tem sido bem-sucedida. Isso mostra que um período maior de exibição nas salas pode ser lucrativo”, disse Aron. Ele também confirmou que pelo menos três grandes estúdios já aceitaram retomar o modelo dos 45 dias, embora não tenha revelado quais.

A iniciativa conta com o apoio da Regal Cineworld, segunda maior rede dos Estados Unidos, e de entidades como a Cinema United. Para Michal O’Leary, representante do grupo, o sucesso do setor depende de uma estratégia clara: “Sem um período de exclusividade bem definido e apoiado por campanhas de marketing fortes, a cadeia de valor do cinema fica comprometida.”

Estúdios como Sony e Universal divergem quanto à proposta. Tom Rothman, da Sony, sinalizou apoio à medida durante a CinemaCon 2025, enquanto Peter Levinsohn, da NBCUniversal, defendeu que a flexibilização das janelas tem aumentado os lucros em produções menores. No entanto, ele reconhece que a fórmula nem sempre funciona para blockbusters, cada vez mais raros na casa de US$ 1 bilhão de bilheteria.

Essa realidade torna ainda mais urgente a necessidade de preservar a experiência do cinema como um espaço relevante para grandes estreias. “Se Hollywood quer continuar lançando superproduções em salas de cinema, precisa garantir que o ecossistema se mantenha vivo”, concluiu Aron.

A AMC opera mais de 900 cinemas com 10 mil salas em todo o mundo. A empresa acredita que, sem uma mudança concreta nas políticas de lançamento, o futuro das salas pode estar em risco — sobretudo diante de um público cada vez mais acostumado ao conforto e à rapidez do consumo em casa.