Cultura

‘O Condor e a Névoa’: Filme documenta conexão entre ditaduras da América do Sul com apoio dos EUA

Documentário do argentino Maximiliano Gonzalez será exibido em Porto Alegre (RS) na segunda-feira (10), seguido de debate com especialistas.

O premiado diretor de cinema argentino Maximiliano Gonzalez participa na próxima segunda-feira (10) da exibição de seu filme, “O Condor e a Névoa”. A sessão ocorre às 19h, no CineBancários (Rua General Câmara, 424), em Porto Alegre (RS). O evento é promovido pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH).

Logo após a exibição, haverá uma conversa com a plateia. O debate contará com a participação do jornalista e mestre em História Nilson Mariano, e será mediado por Jair Krischke, presidente do MJDH.

“O Condor e a Névoa” conta a história de homens e mulheres que deram suas vidas em defesa da democracia e da soberania de suas nações. O filme começa sua narrativa em 1973, quando chegaram à Argentina, em situação de exílio, João Goulart, presidente deposto do Brasil, Juan José Torres, presidente da Bolívia, e o senador Zelmar Michelini, do Uruguai, todos vítimas de golpe militar.

Arquivos do Terror e a Operação Condor

O documentário avança até o ano de 1992, quando foram identificados no Paraguai os chamados “Arquivos do Terror”. Esses documentos provaram a existência de uma parceria repressiva entre as ditaduras latino-americanas, que contava com apoio dos Estados Unidos, para perseguir e assassinar militantes políticos e opositores dos golpes de Estado.

Os “Arquivos do Terror” são uma coleção de documentos encontrados em uma delegacia de polícia de Lambaré, subúrbio de Assunção, em 22 de dezembro de 1992, pelo advogado e ativista de direitos humanos Martín Almada e pelo juiz José Augustín Fernández.

Os documentos detalharam o esquema que ficou conhecido como “Operação Condor”: uma cooperação entre os serviços de segurança da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, com a cooperação da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos. O objetivo era sequestrar, torturar e matar milhares de latino-americanos.

Os números revelados pelos arquivos são assustadores: 50 mil pessoas assassinadas, 30 mil dadas como desaparecidas e 400 mil presas. Os documentos também mostraram que outros países, como Colômbia, Peru e Venezuela, cooperaram com a Operação Condor fornecendo informações às ditaduras do Cone Sul e aos agentes dos EUA.

Os debatedores

O diretor Maximiliano Gonzalez nasceu na província de Misiones, Argentina. Seus roteiros e filmes conquistaram reconhecimento em festivais nacionais e internacionais. Gonzalez é também o diretor da série “La Muerte de un Presidente” (2020), sobre o ex-presidente João Goulart, focada no final da vida do líder trabalhista no exílio na Argentina (1973-1974).

Nilson Mariano é graduado em jornalismo e mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Publicou livros em português e espanhol sobre a Operação Condor. Entre seus prêmios estão o Prêmio Nacional Esso de Jornalismo (2013), o Vladimir Herzog de Direitos Humanos e dois da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP). Atuou como repórter por 35 anos, sendo uma referência na investigação sobre os regimes autoritários.

Da redação do Movimento PB.

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