Por redação do Movimento PB
Imagine transformar uma selfie em um quadro mágico do Studio Ghibli, com céus suaves, cabelos esvoaçantes e aquele toque de nostalgia que só Hayao Miyazaki sabe dar. Foi exatamente essa promessa que a OpenAI lançou ao mundo com o novo gerador de imagens do ChatGPT, um recurso gratuito que, por algumas horas gloriosas, virou a internet de cabeça para baixo. Em menos de 24 horas, usuários inundaram redes sociais com criações encantadoras — e outras nem tanto —, de retratos familiares “Ghibli-ficados” a recriações perturbadoras do 11 de setembro e do assassinato de JFK. Até Sam Altman, CEO da OpenAI, entrou na dança, trocando sua foto no X por uma versão animada de si mesmo. Mas, como um castelo no céu, o sonho ruiu rápido: a OpenAI suspendeu a ferramenta para usuários não pagantes, deixando um rastro de fascínio, polêmica e muitas perguntas.
O lançamento foi um estouro. Liberado no início desta semana, o gerador usava IA para replicar o estilo visual do Studio Ghibli — pense em Totoro ou Princesa Mononoke, com suas cores vibrantes e traços delicados. Bastava subir uma foto ou descrever uma cena, e a mágica acontecia. Em poucas horas, o X explodiu com hashtags como #GhibliVerse e #OpenAIGhibli, acumulando milhões de menções. Havia avós transformadas em sábias personagens de anime, cachorros virando espíritos fofos da floresta e até recriações de eventos históricos com um filtro surreal de beleza animada. “Era como se o Ghibli tivesse aberto as portas para todo mundo”, tuitou @AnimeDreamer, com uma imagem de sua gata redesenhada como um bichinho de Miyazaki.
Mas nem tudo foi poesia. Alguns usuários foram além da nostalgia, testando os limites da ferramenta. Imagens de políticos vivos, como Joe Biden em um campo de flores, circularam ao lado de cenas mais sombrias — o colapso das Torres Gêmeas ou o carro de Kennedy em Dallas, tudo com aquele traço etéreo do Ghibli. A OpenAI, que já enfrentou críticas por filtros frouxos em ferramentas passadas, reagiu rápido. “Estamos ajustando o acesso para garantir uso responsável”, anunciou Altman no X, logo após exibir seu próprio avatar animado. O recurso, agora restrito a assinantes pagos, saiu do ar para o público geral antes que o dia terminasse.
A polêmica não parou no uso criativo — ou questionável — dos usuários. Legalmente, copiar o estilo do Ghibli não infringe direitos autorais, já que traços artísticos gerais não são protegidos por lei, mas o tema é um campo minado. Hayao Miyazaki, o gênio por trás do estúdio japonês, já deixou claro seu desprezo por IA. Em 2016, ao ver uma animação gerada por máquina, ele disparou: “É um insulto à vida. Não vejo nada além de desumanidade nisso.” A ironia não passou despercebida: uma ferramenta que celebrava o estilo delicado do mestre acabou reacendendo o debate sobre arte, tecnologia e ética. “Miyazaki deve estar revirando os olhos”, escreveu @GhibliFanBR, enquanto outros defendiam: “É só uma homenagem, não uma substituição.”
O caso ecoa ondas anteriores de IA criativa, como os bonecos Funko Pop virtuais de 2023, que levantaram questões sobre direitos de imagem e uso comercial. Mas o Ghibli-verso foi diferente pela velocidade do impacto. Em fóruns como o Reddit, o r/Technology lamentou a suspensão: “Era uma janela para algo lindo, e a OpenAI fechou por medo.” Já no r/Art, o tom era mais ácido: “Se querem imitar Ghibli, que paguem artistas, não máquinas.” Enquanto isso, tutoriais para burlar as restrições pipocaram online, com usuários compartilhando prompts para recriar o efeito em outras plataformas de IA.

Livre 1988 ‧ Fantasia/Aventura ‧ 1h 26m
A suspensão deixou um gosto agridoce. Para alguns, foi um vislumbre de como a tecnologia pode trazer arte ao alcance de todos; para outros, um lembrete de seus limites e riscos. No Brasil, a repercussão também pegou. “Olha aí, também virei desenho nessa trend”, brinca João Campos, perfeito de Recife. O breve reinado do Ghibli-verso da OpenAI provou que a IA pode encantar o mundo num piscar de olhos e desabar na mesma velocidade — e, da próxima vez, a OpenAI vai ter que queimar ‘neurônios’ para trazer mais criatividade do que pura cópia.