Oscar 2025: “Anora” Brilha e Surpreende em Cerimônia Marcada por Triunfos Inesperados

Na noite de ontem, o Dolby Theatre, em Los Angeles, foi palco de uma cerimônia repleta de surpresas, emoções e declarações marcantes. O Oscar 2025, apresentado por Conan O’Brien, reuniu cineastas, estrelas e críticos para celebrar uma noite que, embora repleta de underdogs, reafirma a força do cinema independente e a diversidade de histórias contadas na sétima arte.

“Anora” Lidera a Noite com Cinco Estatuetas

O grande destaque da noite foi o filme “Anora”, dirigido por Sean Baker, que conquistou cinco prêmios: Melhor Filme, Diretor, Roteiro Original, Edição e Melhor Atriz para a jovem Mikey Madison, de 25 anos. A obra, uma dark comedy que explora o universo de uma trabalhadora sexual e seu romance turbulento, desafiou as expectativas ao vencer mesmo com uma bilheteria global relativamente modesta – US$ 15,6 milhões – considerada a menor arrecadação para um vencedor de Melhor Filme fora dos anos pandêmicos.
Em seu discurso de aceitação, Baker, que empatou com Walt Disney pelo recorde de quatro prêmios em uma única noite, dedicou seu Oscar de direção à sua mãe e agradeceu publicamente à comunidade de profissionais da área, afirmando:

“Este é um sonho que se realiza. Agradeço a todos que contribuíram para que nossa visão pudesse ganhar vida nos cinemas. Hoje, celebramos a coragem de contar histórias que desafiam o convencional.”

Adrien Brody e o Drama de “The Brutalist”

Outro momento de destaque foi o discurso de Adrien Brody, que levou o prêmio de Melhor Ator por sua performance em “The Brutalist”. Interpretando um sobrevivente do Holocausto, Brody, que já havia conquistado o Oscar por “The Pianista” em 2003, recebeu também os prêmios de Fotografia e Trilha Sonora pelo longa.
Em seu discurso, o ator refletiu sobre a fragilidade da carreira e a importância de manter a humanidade viva na arte:

“Não importa o que você tenha conquistado, tudo pode desaparecer num instante. Se o passado nos ensinou algo, é que o ódio não pode ser permitido. Devemos lutar contra ele com amor e empatia.”
Controvérsia pairou sobre o filme, que utilizou tecnologia de inteligência artificial para aprimorar diálogos, gerando debates acalorados entre críticos e especialistas.

Apoio às Categorias de Coadjuvantes e Animação

Na categoria de Melhor Ator Coadjuvante, Kieran Culkin surpreendeu ao conquistar o prêmio por sua atuação em “A Real Pain”, acrescentando uma pitada de humor ao mencionar a relevância da vitória para antigos integrantes da série “Succession”. Em Melhor Atriz Coadjuvante, Zoe Saldaña foi premiada por sua performance em “Emilia Pérez”, mesmo em meio a debates sobre a integridade da categoria.
No campo da animação, o filme “Flow”, originário da Letônia, surpreendeu ao vencer o Oscar de Melhor Filme de Animação, superando títulos considerados favoritos como “Inside Out 2”.

Documentários e Mensagens Políticas

O documentário “No Other Land”, que aborda o conflito israelo-palestino, ganhou o prêmio de Melhor Documentário. O diretor Basel Andra aproveitou o momento para lançar um apelo contundente contra a violência e a injustiça, clamando:

“Se o passado pode nos ensinar algo, é que o ódio não deve prevalecer. Devemos trabalhar juntos para um mundo mais justo.”
Na categoria de documentários curtos, “The Only Girl in the Orchestra” foi reconhecido, reforçando a diversidade temática presente na competição deste ano.

Tributos, Performances Musicais e Momentos Memoráveis

A cerimônia também foi marcada por tributos emocionantes e apresentações musicais de alto nível. Ariana Grande encantou o público ao iniciar sua performance com “Somewhere Over the Rainbow”, seguida de uma transição vibrante para “Defying Gravity” ao lado de Cynthia Erivo, conhecida por sua atuação em “Wicked”.
O tributo a Quincy Jones reuniu Oprah Winfrey e Whoopi Goldberg, que homenagearam o lendário compositor com discursos carregados de emoção – com Oprah chegando às lágrimas durante sua fala.
No segmento In Memoriam, Morgan Freeman prestou uma homenagem comovente a Gene Hackman, descrevendo-o como “um gigante que elevava o trabalho de todos ao seu redor.”

Walter Salles dirige Fernanda Torres em “Ainda Estou Aqui”

Reconhecimento e Impacto do Cinema Brasileiro

Além dos triunfos internacionais, o Oscar 2025 também ressaltou a crescente influência do cinema brasileiro no cenário global. Produções nacionais, como “Ainda Estou Aqui”, têm conquistado elogios de diretores renomados, incluindo Martin Scorsese, Alfonso Cuarón e Olivier Assayas, que se emocionaram com a ousadia e originalidade das narrativas brasileiras. Esse reconhecimento demonstra que, apesar dos desafios financeiros e logísticos, o cinema brasileiro possui um potencial vibrante e inovador, abrindo novas possibilidades para a difusão de histórias autênticas que dialogam tanto com o público local quanto com audiências internacionais.

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Conan O’Brien e os Bastidores da Noite

Com seu humor característico, o anfitrião Conan O’Brien manteve o clima leve durante a cerimônia, brincando:

“Se você ainda está assistindo, é sinal de que tem algo como Síndrome de Estocolmo.”
Concomitantemente, o debate sobre os desafios financeiros do cinema ganhou espaço quando Sean Baker defendeu a importância dos lançamentos teatrais, destacando a perda de 1.000 telas durante a pandemia e a relevância dos cinemas para a retomada do setor.

Reflexões e o Futuro do Cinema

O sucesso de “Anora” e dos demais vencedores deste ano reflete uma transformação no cenário cinematográfico, apontando para uma valorização crescente de narrativas ousadas e independentes. As fronteiras entre o cinema comercial e o indie estão se tornando cada vez mais tênues, evidenciando que a criatividade e a inovação podem triunfar mesmo em meio a desafios econômicos. A cerimônia reafirma que o Oscar vai além das estatuetas, sendo uma celebração da arte que inspira mudanças e transforma a sociedade.

Artigo escrito com informações de The New York Times

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