Acordo entre China e EUA ‘muda o jogo’ e movimenta o mercado global da soja

Expectativas de aumento da demanda, biocombustíveis e avanço do plantio nos EUA criam cenário volátil; Brasil mantém protagonismo nas exportações

O mercado global de soja encerrou a semana em forte movimento, influenciado por fatores externos e internos que moldaram os preços do grão, do óleo e do farelo. Entre os principais eventos está o anúncio de um novo acordo comercial entre China e Estados Unidos, que reacendeu as expectativas de aumento na demanda pela soja norte-americana.

A notícia gerou impacto imediato na Bolsa de Chicago, elevando as cotações dos contratos futuros. O contrato de soja para maio de 2025 fechou a US$ 10,51 por bushel, com alta de 0,67% na semana. Já o contrato para março de 2026 subiu 0,76%, encerrando em US$ 10,56 por bushel. No Brasil, o dólar variou positivamente, cotado a R$ 5,67 (+0,35%), o que também refletiu nos prêmios portuários e nos preços físicos da soja.

Política de biocombustíveis e petróleo pressionam o mercado

Apesar do otimismo com o acordo, o mercado segue atento às possíveis mudanças na política de biocombustíveis dos Estados Unidos. Caso essas alterações se confirmem, pode haver uma redução na demanda por óleos vegetais, como o de soja, impactando diretamente os preços. Além disso, a recente queda nas cotações do petróleo ajudou a exercer pressão negativa sobre os derivados da oleaginosa.

Plantio nos EUA avança mais rápido que o esperado

Outro fator relevante foi o ritmo acelerado do plantio da soja nos Estados Unidos. Com condições climáticas favoráveis, 48% da área estimada já foi semeada até 11 de maio, superando em 14 pontos percentuais o mesmo período do ano anterior. Estados como Iowa (64%), Nebraska (62%) e Illinois (51%) lideram o avanço.

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Por outro lado, cerca de 23% da área plantada ainda enfrenta condições de seca, especialmente no centro-norte do Meio-Oeste. Chuvas previstas podem melhorar a umidade do solo, mas também causar atrasos pontuais. As temperaturas abaixo da média trazem incertezas sobre o desenvolvimento inicial das lavouras, embora não haja grande preocupação no curto prazo.

Brasil segue líder nas exportações de soja

Enquanto os EUA concentram esforços na nova safra, o Brasil continua se destacando no comércio internacional. Segundo a Secex, o país exportou 37,4 milhões de toneladas de soja entre janeiro e abril de 2025, crescimento de 1,6% em relação ao mesmo período de 2024. Apenas em abril, foram embarcadas 15,3 milhões de toneladas, o segundo maior volume da história.

As projeções para maio são ainda mais promissoras, podendo alcançar um novo recorde com até 16,5 milhões de toneladas exportadas. A tensão comercial entre China e Estados Unidos favoreceu a soja brasileira, ampliando sua presença no mercado chinês. Caso o clima afete negativamente a produção americana, o Brasil poderá consolidar ainda mais sua liderança.

Câmbio e perspectivas

O dólar continua volátil, refletindo a expectativa de juros elevados nos EUA e o retorno de Donald Trump ao centro das negociações comerciais. No Brasil, as incertezas fiscais persistem, embora o governo tente sinalizar compromisso com o equilíbrio das contas públicas.

A tendência é de que o dólar possa recuar abaixo de R$ 5,60, o que, aliado ao bom ritmo das exportações e à demanda aquecida, fortalece a competitividade brasileira no mercado global — ainda que represente desafios nos preços internos.

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O cenário, portanto, segue dinâmico, com os olhos do setor voltados para as definições geopolíticas, o clima no Hemisfério Norte e a resposta da cadeia global à nova configuração do comércio entre as maiores potências do mundo.

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