Economia

Proposta Inusitada: Bombas de Gasolina Mais Lentas para Impulsionar Carros Elétricos

Proposta Inusitada: Bombas de Gasolina Mais Lentas para Impulsionar Carros Elétricos

Uma ideia inusitada tem ganhado destaque no debate sobre transição energética: tornar o abastecimento em postos de gasolina mais lento para incentivar a migração para veículos elétricos. A proposta, defendida por portais especializados, sugere que, ao tornar o processo de reabastecimento mais demorado, os motoristas seriam levados a considerar as vantagens dos carros elétricos, especialmente a conveniência de carregar em casa.

A iniciativa visa transformar um hábito cotidiano com o objetivo de gerar benefícios ambientais, urbanos e de saúde pública sem a necessidade de grandes investimentos. Para seus defensores, essa mudança sutil no comportamento coletivo pode produzir resultados significativos na aceleração da transição energética nas cidades.

Bombas Mais Lentas: Uma Política Viável?

A lógica por trás da proposta é simples: bombas de gasolina mais lentas levariam a menos emissões em cada abastecimento e um incentivo indireto ao uso de veículos elétricos. Isso se traduziria em melhorias na qualidade do ar, benefícios diretos à saúde pública, custo zero para o contribuinte e um impacto imediato, sem depender de tecnologias futuras ou infraestrutura complexa.

Enquanto a indústria e governos competem para instalar carregadores cada vez mais rápidos para veículos elétricos, a ideia sugere um caminho oposto para os combustíveis fósseis. A questão central é: por que não tornar as bombas de gasolina mais lentas para nivelar a comparação?

Um Precedente que Já Existe

Não seria a primeira vez que o fluxo das bombas de combustível é regulado. Em 1993, a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) limitou o fluxo máximo a 37,8 litros por minuto. A norma, que entrou em vigor em 1996, tinha como objetivo reduzir emissões evaporativas e aumentar a segurança nos postos.

Com as crescentes preocupações com o aquecimento global e a pressão para cumprir o Acordo de Paris, muitos argumentam que é hora de revisitar essas normas com uma lógica mais ambiciosa: tornar o uso de combustíveis fósseis menos conveniente.

A Proposta em Detalhes

A ideia central é reduzir drasticamente o fluxo máximo permitido nas bombas, por exemplo, de 37,8 para apenas 11,3 litros por minuto. Isso significaria que um veículo com um tanque de 136 litros, como uma Ford F-150, levaria mais de 12 minutos para um abastecimento completo, em vez dos menos de 4 minutos atuais. Com filas, o tempo total poderia ultrapassar 20 minutos.

Esse tempo se aproxima do que um carro elétrico médio leva para recarregar de 10% a 80% em um carregador rápido. O objetivo é nivelar as condições: quando abastecer gasolina se torna tão demorado quanto carregar um elétrico, as vantagens dos veículos elétricos se tornam mais evidentes. Carregar em casa, evitar esperas, e a ausência de fumaça e ruído tornam-se argumentos mais fortes, especialmente em centros urbanos.

Benefícios Amplos e Inesperados

Apesar de parecer contraintuitiva, a proposta encontra eco em observações de grandes petrolíferas. Em 2022, a BP, por exemplo, revelou que sua divisão de carregamento elétrico estava se tornando mais lucrativa que as bombas tradicionais. Investimentos bilionários em infraestrutura elétrica mostram uma mudança estratégica no setor.

Os carregadores de veículos elétricos mantêm os usuários mais tempo no local, o que aumenta a venda de produtos de alto lucro, como cafés, snacks e serviços. Esses produtos podem representar mais de 60% do lucro das estações. Além disso, a diminuição do consumo de gasolina reduz os custos invisíveis para a sociedade, como doenças respiratórias, danos ambientais, riscos de vazamentos e conflitos geopolíticos relacionados ao petróleo.

Uma Medida que Orienta, Não Proíbe

Essa mudança não proibiria o uso de gasolina, mas exigiria mais tempo para abastecer, o que poderia modificar decisões rotineiras. É uma forma de ajustar a velocidade com que se pode continuar poluindo, sem impedir o acesso ao produto. Enquanto cidades como as da Califórnia, Nova York e Berlim estudam restrições a carros a combustão em áreas centrais – medidas que exigem legislação complexa e prazos longos –, a redução do fluxo das bombas poderia ser aplicada por norma estadual, de forma gradual e sem custos ao contribuinte.

Riscos e Reações: O Debate Necessário

É inegável que a proposta enfrentaria resistência. Grupos mais conservadores poderiam vê-la como uma imposição ou um obstáculo à liberdade individual. Contudo, a lógica é que ninguém teria seu carro retirado ou seria impedido de abastecer; apenas a velocidade do processo seria alterada. Em muitos aspectos, a ideia se assemelha a impostos sobre o tabaco ou restrições a plásticos descartáveis: não eliminam o produto imediatamente, mas enviam um sinal claro sobre a direção necessária para o futuro.

Da redação do Movimento PB.

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