Brasil Isenta Quase Metade das Importações dos EUA, Enquanto Trump Adota Tarifas Recíprocas

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) divulgou dados que expõem uma grande diferença nas tarifas de importação entre Brasil e Estados Unidos. Segundo a entidade, 48% das exportações americanas para o Brasil entram sem tarifas, enquanto outros 15% estão sujeitos a alíquotas de no máximo 2%. Em contrapartida, enquanto a tarifa média brasileira para o mundo é de 12,4%, os produtos dos EUA pagam, em média, apenas 2,7% de imposto ao entrar no Brasil.

Essa diferença ocorre porque diversos produtos importados dos EUA, como aeronaves, peças, petróleo bruto e gás natural, são isentos de taxas. Além disso, regimes aduaneiros especiais, como o drawback e o Recof, reduzem ou eliminam tarifas para determinados setores.

A Amcham Brasil, que representa mais de 3.500 empresas e cerca de um terço do PIB brasileiro, defende que o comércio entre os dois países seja equilibrado. No entanto, a relação comercial pode enfrentar novos desafios após o presidente dos EUA, Donald Trump, assinar um memorando determinando a aplicação de tarifas recíprocas a países que taxam produtos americanos.

Trump Mira Aço, Alumínio e Etanol

A medida de Trump coloca em xeque setores estratégicos para o Brasil. Um dos principais pontos de atrito é o etanol: enquanto os EUA cobram uma tarifa de 2,5% sobre o etanol brasileiro, o Brasil aplica 18% sobre o etanol americano. Em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, mas exportaram apenas US$ 52 milhões para o país.

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O aço e o alumínio também estão na mira das novas tarifas. O Brasil foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA em 2024, atrás apenas do Canadá. Agora, Trump anunciou aumentos nas tarifas desses produtos, justificando a medida como um esforço para revitalizar a indústria nacional. “Precisamos proteger o futuro da manufatura e produção dos EUA”, declarou.

O Brasil, por sua vez, também adotou medidas protecionistas. Em abril de 2023, o Comitê da Câmara de Comércio Exterior (Camex) elevou para 25% o imposto de importação de alguns produtos de aço, com validade até maio de 2024. A medida incluiu cotas para evitar excessos, mas ampliou as tensões comerciais.

Impacto no Comércio Bilateral

A Amcham Brasil pede diálogo entre os governos para evitar uma escalada protecionista. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, nos últimos 28 anos os EUA acumularam um superávit comercial de US$ 48,21 bilhões com o Brasil. Desde 2009, o Brasil registra déficits consecutivos, com as importações de produtos americanos superando as exportações brasileiras em US$ 88,61 bilhões.

O embate tarifário pode trazer impactos significativos para empresas e consumidores, aumentando custos e reduzindo a competitividade de setores estratégicos. Resta saber se as negociações entre Brasil e Estados Unidos conseguirão evitar uma guerra comercial ou se o protecionismo ganhará ainda mais força nos próximos meses.

Por Redação do Movimento PB com informações de Diário do Centro do Mundo, DCM.

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