Brasil vive paradoxo da IA: 72% dos executivos apostam na tecnologia, mas apenas 9% aplicam

A inteligência artificial generativa tornou-se prioridade estratégica para 72% dos executivos brasileiros, segundo levantamento da Bain & Company, porém apenas 9% das empresas implementaram a tecnologia de forma disseminada em seus processos. Este paradoxo revela o abismo entre a intenção e a prática na transformação digital das organizações no país.
“Não é sobre o que você pergunta, mas como você pergunta. Um bom prompt pode transformar a IA de uma ferramenta genérica em um verdadeiro consultor estratégico”, explica o estudo da Bain & Company.
Entre a euforia e a realidade operacional
O estudo demonstra que a IA generativa deixou de ser tema restrito a departamentos de tecnologia e alcançou o alto escalão corporativo. No entanto, a maioria das organizações permanece na fase de experimentação, com projetos-piloto concentrados em áreas como atendimento ao cliente, marketing e operações. A transição para implementação em escala esbarra em desafios estruturais que transcendem o entusiasmo inicial.
Os três gargalos da implementação prática
Especialistas identificam as principais barreiras para a adoção efetiva:
- Falta de clareza estratégica: Dificuldade em identificar casos de uso com impacto real nos negócios
- Déficit de talentos: Escassez de profissionais qualificados para liderar a transformação
- Governança e ética: Preocupações com privacidade de dados e regulamentação
O desafio do “como perguntar” na era dos prompts
Mais do que adotar ferramentas tecnológicas, as empresas precisam desenvolver competências em formulação de prompts específicos e alinhados aos objetivos de negócio. Esta habilidade emerge como diferencial competitivo, determinando o sucesso ou fracasso na extração de valor real das plataformas de IA generativa.
Cenário nordestino: oportunidades e desafios regionais
Enquanto grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro concentram a maioria dos casos de implementação bem-sucedida, empresas nordestinas enfrentam desafios adicionais de conectividade e acesso a especialistas. No entanto, a região possui vantagens competitivas em setores como agronegócio e turismo, onde a IA pode gerar impactos significativos.
Universidades locais, como a Unifacisa, em Campina Grande, começam a desenvolver programas de capacitação em IA, criando um ecossistema promissor para reduzir a dependência de talentos de outras regiões. A integração entre academia e setor produtivo surge como caminho para acelerar a adoção prática da tecnologia.
Perspectivas para os próximos meses
Com a pressão por ganhos de produtividade e inovação, a tendência é que mais empresas brasileiras migrem da fase experimental para a implementação em escala até 2026. Este movimento exigirá investimentos simultâneos em infraestrutura tecnológica, capacitação profissional e frameworks de governança.
Implicações para pequenas e médias empresas
O estudo revela que as PMEs enfrentam desafios ainda maiores na adoção de IA, frequentemente por falta de recursos para investimentos iniciais. Soluções baseadas em nuvem e modelos de assinatura acessíveis podem democratizar o acesso, mas exigem adaptação aos contextos específicos de cada negócio.
Este paradoxo entre expectativa e realização reflete um momento de transição crucial na economia digital brasileira. Assim como ocorreu com outras tecnologias disruptivas, a capacidade de superar as barreiras de implementação determinará quais organizações emergirão como líderes na nova era orientada por inteligência artificial, enquanto outras arriscam ficar na dependência tecnológica.
Da redação com informações de Bain & Company [DSK-DSK-03102025-1515-V2L]
