China concede isenção de tarifas a US$ 40 bi em importações dos EUA em meio a guerra comercial

Medida estratégica visa proteger setores sensíveis da economia chinesa e espelha ações similares de Washington, segundo analistas.

China isentou discretamente 24% das importações dos EUA de tarifas, em lista não oficial com 131 itens como produtos químicos e farmacêuticos. Movimento reflete tentativa de reduzir danos da guerra comercial.

Isenções estratégicas e paralelos com os EUA

A China iniciou discretamente a isenção de tarifas para cerca de US$ 40 bilhões em importações dos Estados Unidos, abrangendo produtos como químicos industriais e farmacêuticos. A lista de 131 itens, ainda não confirmada oficialmente, circulou entre empresas e foi validada por pelo menos seis companhias que já importaram sem pagar taxas, segundo fontes anônimas.

A medida reflete ações similares às do governo Trump, que em 2023 isentou cerca de 22% das importações chinesas, incluindo eletrônicos. Para Gerard DiPippo, do RAND China Research Center, o movimento chinês é uma resposta estratégica para “equiparar-se às ações de Washington”, priorizando a proteção da economia local.

“As isenções não devem ser vistas como um sinal para os EUA. A China age por canais comerciais, sem alarde público”, destacou DiPippo.

Diálogos comerciais e dependência de insumos

O Ministério do Comércio da China informou na sexta-feira (28) que avalia retomar negociações com os EUA, após receber propostas americanas. Paralelamente, Pequim solicitou a empresas estrangeiras, em abril, que listassem importações essenciais dos EUA sem substitutos locais. Parte desses itens já recebeu isenções das tarifas de 125%.

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A lista é dinâmica: produtos podem ser adicionados ou removidos conforme a China desenvolve alternativas. Setores como o plástico, por exemplo, dependem de etano importado dos EUA — dois produtores nacionais já foram beneficiados com isenções, segundo a Vortexa.

Impactos econômicos e perspectivas

A guerra comercial pressiona ambos os lados. A atividade industrial chinesa registrou em maio a maior contração desde dezembro de 2023, enquanto bancos como UBS e Goldman Sachs revisaram para baixo as projeções de crescimento do país, estimando cerca de 4% em 2024 — abaixo da meta oficial de 5%.

Para Chang Shu, economista-chefe da Bloomberg Asia, isentar produtos difíceis de substituir é uma “abordagem pragmática que pode aliviar tensões e beneficiar a indústria chinesa”. Wu Xinbo, da Universidade Fudan, reforça: “Tarifas são autoimpostas. Queremos controlar os danos”.

A Administração Geral de Alfândegas da China não comentou o caso.

Texto adaptado de Bloomberg e revisado pela nossa redação.

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