Com a força do Pix e do Drex, Brasil lidera criação do ‘BRICS Pay’ e desafia a hegemonia do dólar
Nova plataforma de pagamentos instantâneos, já em teste entre China e Rússia, busca realizar 50% do comércio do bloco em moedas locais até 2027, prometendo revolucionar as finanças globais e fortalecer o Sul Global.
Uma revolução silenciosa está em curso no sistema financeiro mundial, e o Brasil está no centro dela. O bloco de países BRICS deu a largada para o BRICS Pay, uma ambiciosa plataforma de pagamentos internacionais que promete quebrar a dependência histórica do dólar. Graças à experiência bem-sucedida do Pix e ao desenvolvimento do Drex (o Real Digital), o Brasil assumiu um papel de protagonismo técnico e político na iniciativa, que já realiza seus primeiros testes entre China e Rússia e tem uma meta audaciosa: fazer com que 50% de todo o comércio entre os países membros seja feito em moedas locais até 2027.
O sucesso estrondoso do Pix no Brasil não apenas inspirou a arquitetura do BRICS Pay, mas também credenciou o país a liderar o projeto. A infraestrutura brasileira de pagamentos instantâneos, que processa bilhões de transações mensais, tornou-se um modelo global. Agora, o Brasil avança com o Drex, que já passa por testes em conexão direta com o yuan digital chinês. Essa expertise coloca o país em uma posição de vanguarda, com a missão de coordenar os próximos avanços técnicos da plataforma quando assumir a presidência rotativa do BRICS em 2026.
Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos…
O BRICS Pay pode ser entendido como um “Pix internacional” exclusivo para os países do bloco (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e novos membros). O objetivo é permitir transferências diretas e instantâneas entre real, yuan, rúpia, etc., sem precisar converter tudo para o dólar. A tecnologia por trás disso é o blockchain, um tipo de “livro-caixa” digital compartilhado e ultra-seguro. O sistema que o BRICS Pay quer contornar é o SWIFT, que é a “rede de mensagens” que os bancos usam há décadas para se comunicar sobre transferências internacionais. Ao criar uma rede própria, os países do BRICS ganham autonomia e se protegem de sanções que poderiam excluí-los do sistema tradicional.
Uma rede global interligada e descentralizada
A genialidade do BRICS Pay está em sua capacidade de integrar os sistemas de pagamento instantâneo que já existem em cada país. A plataforma nasce conectando o Pix brasileiro, o UPI indiano (que também processa bilhões de operações), o SBP russo e os sistemas da China e África do Sul. Essa interoperabilidade total elimina as barreiras de compatibilidade e promete reduzir os custos de conversão cambial em até 30% para exportadores e importadores, beneficiando diretamente setores chave da economia brasileira como o agronegócio e a mineração.
Os testes iniciais entre China e Rússia já processam cerca de 500 transações diárias em uma rede descentralizada, onde cada país administra seu próprio “nó”. Isso evita a concentração de poder em uma autoridade central, como acontece no sistema SWIFT, que é fortemente influenciado pelos Estados Unidos. A iniciativa é uma clara jogada geopolítica para fortalecer a soberania financeira do Sul Global.
Desafios no horizonte
Apesar do otimismo e dos avanços técnicos, o caminho não é livre de obstáculos. A harmonização das legislações financeiras entre os dez países do bloco é uma tarefa de enorme complexidade. Além disso, a resistência do Ocidente é esperada, com analistas já prevendo possíveis retaliações comerciais por parte dos Estados Unidos. Há também um delicado equilíbrio de poder interno, com a China buscando maior protagonismo e a Índia defendendo regras mais equilibradas. O sucesso do BRICS Pay dependerá tanto de sua robustez tecnológica quanto da capacidade de seus membros de manter o consenso político.
O projeto, no entanto, já deixou de ser uma mera ideia para se tornar uma alternativa concreta. Com o Pix e o Drex como seus cartões de visita, o Brasil não é apenas um participante, mas um líder na construção de uma nova ordem financeira global, onde a hegemonia do dólar pode, pela primeira vez em 80 anos, ser seriamente desafiada. É a afirmação de que a inovação nascida no Brasil pode ajudar a redesenhar o mapa do poder econômico mundial.
Redação do Movimento PB com informações de Click Petróleo e Gás
Redação do Movimento PB [NMG-OGO-05102025-A7B3C9-13P]
