Como a dívida crescente da China e dos EUA pode afetar a economia global
FMI projeta crescimento da dívida de EUA e China, com riscos para economia global e mercados financeiros nos próximos anos.
Como a dívida crescente da China e dos EUA pode afetar a economia global
Dados recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam que a dívida bruta dos governos dos Estados Unidos e da China está em expansão, com potencial para provocar impactos significativos na economia global nos próximos anos.
Projeções do FMI para China e Estados Unidos
De acordo com o relatório de outubro do FMI, a relação dívida/PIB da China deve ultrapassar 100% em 2024 e alcançar 116% em 2030. Para os Estados Unidos, a perspectiva indica que essa relação ultrapassará 140% dentro dos próximos cinco anos, refletindo um crescimento acelerado do endividamento público.
Riscos da expansão da dívida norte-americana
Rafael Prado, economista da GO Associados, destaca que o aumento da dívida dos EUA representa um risco global maior devido à centralidade do país nos ativos considerados “portos seguros”. “Uma crise de confiança nos mercados americanos pode gerar forte pressão nas finanças globais, alterando a composição dos portfólios financeiros mundiais”, explica.
O especialista lembra que, em outubro, o preço do ouro superou US$ 4.000 a onça, evidenciando a busca dos investidores por proteção diante das incertezas econômicas e geopolíticas. Ainda que grande parte do capital permaneça atrelada ao dólar, há redução gradual da exposição à moeda americana, com bancos centrais ampliando reservas em ouro.
Implicações do crescimento da dívida chinesa
Quanto à China, Prado observa que o aumento da dívida pode afetar negativamente o mercado de commodities e moedas de economias emergentes vinculadas ao país. Uma eventual política de contenção do endividamento, por meio da redução dos déficits primários, tende a desacelerar a atividade econômica.
Por outro lado, se a guerra comercial entre Pequim e Washington se intensificar, a China pode recorrer a estímulos que ampliem o déficit e a dívida pública, tentando preservar as exportações. Esse cenário, no entanto, pode pressionar os juros futuros na China, atraindo capital para o mercado doméstico e reduzindo recursos direcionados a outras economias emergentes, que também sofreriam pressão sobre as suas curvas de juros.
Setores impactados e consequências globais
O analista Gilvan Bueno ressalta a importância dos setores manufatureiro e imobiliário para a economia chinesa. O recente colapso da incorporadora Evergrande, que não conseguiu honrar dívidas equivalentes a 2% do PIB chinês, é um exemplo das fragilidades que podem repercutir globalmente.
“A crise no setor imobiliário afeta cadeias produtivas e setores como siderurgia e mineração, que são fundamentais para o emprego e a produção de bens manufaturados”, destaca Bueno.
Considerações finais
Em suma, o aumento da dívida pública tanto na China quanto nos Estados Unidos apresenta desafios que vão além das fronteiras desses países. A instabilidade gerada por essas pressões pode afetar investimentos, comércio internacional e até as reservas dos bancos centrais, com desdobramentos para toda a economia global em um cenário já marcado por incertezas econômicas e tensões geopolíticas.
Esses fatores reforçam a necessidade de monitoramento atento e políticas que equilibrem estímulos econômicos e sustentabilidade fiscal, para que os impactos negativos sejam minimizados.
[Da redação do Movimento PB]
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