Economia

Enquanto EUA Fecham Portas, China Abre Mercado e Habilita 183 Exportadores de Café do Brasil

O Timing Estratégico de Pequim

Em um movimento de xadrez geopolítico e comercial, a China abriu as portas para o café brasileiro no exato momento em que os Estados Unidos se preparam para fechá-las. No último sábado (2), a embaixada chinesa no Brasil anunciou que o país aprovou 183 novas empresas brasileiras para exportar café para o seu gigantesco mercado. A medida, que entrou em vigor em 30 de julho, é um alívio e uma oportunidade para os produtores nacionais.

O timing da decisão é notável. As novas licenças de exportação, válidas por cinco anos, surgem dias antes da entrada em vigor, em 6 de agosto, da tarifa de 50% imposta pelo governo de Donald Trump sobre o café e outros produtos brasileiros. A ação chinesa oferece uma alternativa vital para as cerca de 8 milhões de sacas de café que o Brasil vende anualmente para os EUA, um comércio avaliado em 4,4 bilhões de dólares.

A Revolução do Café na China: Um Mercado em Ebulição

A abertura do mercado chinês não é apenas uma manobra política; ela se encaixa perfeitamente em uma profunda transformação cultural e de consumo no país asiático. Embora o chá ainda seja a bebida tradicional, a China vive uma explosão no consumo de café, especialmente entre os jovens, que buscam bebidas “interessantes e novas”, segundo especialistas do setor.

Diferente do consumidor ocidental, o chinês não busca apenas a dose de cafeína. O consumo é impulsionado por bebidas mistas e criativas, com ingredientes como leite de coco, suco de laranja e até mesmo chá. “O consumidor chinês médio é muito mais dinâmico e muito menos focado no café puro”, explica Carl Sara, diretor da Sucafina na China. Eles estão mais interessados em experimentar novos sabores do que em replicar o cafezinho tradicional.

O Modelo Chinês: Delivery, Preço Baixo e Mega-Redes

O que torna essa revolução possível é um modelo de negócio único. O crescimento é impulsionado por mega-redes de cafeterias que operam em uma escala impressionante: uma rede considerada ‘pequena’ na China tem de 500 a 1.000 lojas, enquanto as grandes ultrapassam 15.000 locais. Muitas dessas lojas são otimizadas não para o consumo no local, mas para um sistema de delivery altamente eficiente e barato, que tornou a bebida acessível.

Essa eficiência derrubou os preços de cerca de 40 yuans (US$ 5,50) para apenas 10 yuans (US$ 1,40) por copo, popularizando massivamente o consumo. Para o Brasil, essa é uma oportunidade de ouro. A habilitação de novos exportadores é a porta de entrada para um mercado que não está apenas crescendo, mas redefinindo o futuro do consumo de café no mundo, um mercado que o Brasil, agora, está mais preparado do que nunca para suprir.

Da redação com informações de Forbes e Sucafina

Redação do Movimento PB [GME-GOO-04082025-1010-15P]

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