Estudo Revela ‘Sistema Tributário Secreto’ dos Super-Ricos: 0,001% Ganham R$ 300 Mil por Dia e Pagam Menos Imposto

Pesquisa do Observatório Fiscal Europeu mostra que renda real dos bilionários é o dobro da declarada, graças a lucros não distribuídos em complexas estruturas empresariais.

Um estudo inédito publicado pelo Observatório Fiscal Europeu, com a participação de pesquisadores da Receita Federal e do Banco Mundial, revelou a dimensão da desigualdade no Brasil e como o sistema tributário nacional beneficia o topo da pirâmide. O grupo do 0,001% mais rico do país, composto por apenas 1.492 indivíduos, possui uma renda média que ultrapassa os R$ 100 milhões anuais e, proporcionalmente, paga menos impostos que a classe média.

Os dados, que foram destaque no podcast “A Hora” do UOL, mostram que a concentração de renda é ainda maior do que se imaginava, sustentada por um sistema que, na prática, possui regras diferentes para quem vive do trabalho e para quem vive do rendimento de seu capital.

O Topo da Pirâmide: Quem São os 0,001%?

Para fazer parte deste seleto grupo, é preciso ter uma renda mínima de R$ 36 milhões por ano. No entanto, o membro típico deste estrato social tem um ganho muito superior: na média, embolsa R$ 112 milhões de reais por ano, o que equivale a R$ 300 mil ao dia. Como aponta a análise, enquanto um profissional altamente requisitado precisaria trabalhar 24 horas por dia para atingir cifras semelhantes, o super-rico não precisa trabalhar, pois seu dinheiro trabalha por ele.

O estudo demonstra que quanto maior o acúmulo de capital, maior o rendimento e, paradoxalmente, menor a carga tributária. A pesquisa concluiu que, incrivelmente, menos imposto paga, proporcionalmente à sua renda.

A Metodologia que Revelou a Renda Oculta

A grande descoberta do estudo foi possível graças a uma metodologia mais sofisticada que as tradicionalmente utilizadas. Os pesquisadores não se limitaram aos dados declarados individualmente à Receita Federal; eles cruzaram essas informações com os dados das empresas desses indivíduos. Foi construída uma “árvore societária” que rastreou a participação em empresas até o décimo nível, conectando as companhias aos seus verdadeiros sócios.

Com isso, foi possível somar a renda individual declarada com os lucros não-distribuídos, que permanecem nas empresas mas compõem o patrimônio de seus donos. O resultado foi chocante: a renda econômica do 0,001% é mais do que o dobro da renda declarada à Receita: R$ 112 milhões contra R$ 51 milhões.

Dois Brasis, Dois Sistemas Tributários

A conclusão da pesquisa é que, na prática, há dois sistemas tributários em vigor no Brasil: um para os super-ricos, e outro para os 150 milhões de adultos fora do topo da pirâmide. As regras são distintas porque a fonte da renda é diferente. Para a grande maioria da população, a renda vem do trabalho e é tributada diretamente. Para a elite do 0,001%, a renda vem majoritariamente do lucro de uma vasta rede de empresas, estruturada de forma a minimizar a taxação.

O estudo não apenas apresenta números, mas oferece um diagnóstico estrutural da desigualdade brasileira. Ele demonstra como a complexidade do sistema tributário não é uma falha, mas uma característica que beneficia uma minúscula parcela da população, perpetuando a concentração de riqueza. Os resultados colocam a necessidade de uma reforma tributária justa no centro de qualquer projeto que vise um país mais equitativo.

Da redação com informações do podcast A Hora, do UOL

Redação do Movimento PB [GNM-OGO-08092025-C8D4A2-15P]