Economia

“Europa está perdendo o futuro”: Nobel de Economia alerta para o abismo tecnológico entre o continente, EUA e China

“Europa está perdendo o futuro”: Nobel de Economia alerta para o abismo tecnológico entre o continente, EUA e China

Recém-laureado, o francês Philippe Aghion afirma que a Europa falhou em implementar inovações de ponta e ficou presa em melhorias “médias”, resultando em uma crescente lacuna de riqueza e relevância global.

O Prêmio Nobel de Economia de 2025, concedido nesta segunda-feira (13) ao trio Philippe Aghion, Joel Mokyr e Peter Howitt, veio acompanhado de um alerta sombrio e urgente para o futuro do Velho Continente. Em suas primeiras declarações após a premiação, o economista francês Philippe Aghion foi direto: a Europa não pode mais permitir que os Estados Unidos e a China se tornem os líderes tecnológicos incontestáveis do mundo. A fala do novo laureado é um diagnóstico contundente de uma estagnação que, segundo ele, já se reflete em um crescente abismo de riqueza em relação aos EUA.

Aghion, que dividiu o prêmio com seus colegas por seus estudos sobre o impacto da tecnologia no crescimento econômico sustentado, argumenta que a Europa, após um período de recuperação e convergência com o PIB per capita americano entre a Segunda Guerra Mundial e meados dos anos 80, voltou a ficar para trás. “A grande razão é que falhamos em implementar inovações de ponta e disruptivas”, afirmou o economista. Segundo ele, o continente se acomodou em melhorias “incrementais de média tecnologia”, perdendo o bonde das grandes revoluções que estão moldando o século 21.

Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos…

A teoria pela qual Aghion foi premiado é a da “destruição criativa”. O conceito, popularizado pelo economista Joseph Schumpeter, descreve o processo incessante de inovação em que um novo produto ou tecnologia (como o smartphone) surge e “destrói” o mercado de produtos mais antigos (como câmeras fotográficas e tocadores de MP3), gerando um ciclo de crescimento. O que Aghion argumenta é que a Europa se especializou em “inovação incremental”, que seria como lançar um modelo de carro um pouco mais eficiente a cada ano, enquanto os EUA e a China focaram na “inovação disruptiva”, que seria como inventar o próprio carro elétrico, uma mudança que redefine todo o mercado.

A falta de um “ecossistema financeiro de inovação”

Para o novo Nobel, a raiz do problema europeu é a ausência de “políticas e instituições adequadas para inovar em alta tecnologia”. Ele aponta para a falta de um “ecossistema financeiro de inovação” robusto, capaz de financiar projetos de alto risco e de longo prazo, como os que vemos no Vale do Silício ou nas estatais de tecnologia chinesas. Aghion ecoa as conclusões do seminal “Relatório Draghi”, do ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, que no ano passado já alertava para a necessidade de um investimento anual de pelo menos 750 a 800 bilhões de euros para reacender a economia da União Europeia.

O alerta de Philippe Aghion, feito sob os holofotes do maior prêmio da economia mundial, transcende as fronteiras da Europa e serve como uma lição para o Brasil. Em um mundo cada vez mais polarizado tecnologicamente entre duas superpotências, a dependência de tecnologias estrangeiras se torna uma vulnerabilidade estratégica. A crítica do laureado à estagnação europeia é um chamado à ação para que nações como a nossa invistam em ciência, criem seus próprios ecossistemas de inovação e não se contentem em ser meros consumidores de revoluções criadas em outros lugares. O futuro, como nos lembra o novo Nobel, não pertence aos que apenas melhoram o que já existe, mas aos que têm a coragem de criar o que virá a seguir.

Redação do Movimento PB

Redação do Movimento PB [NMG-OGO-14102025-B9C1A4-13P]