Ex-CEO do Google defende jornada de trabalho ‘escravocrata’ da China para vencer corrida da IA
Eric Schmidt critica trabalho remoto e Geração Z, afirmando que empresas precisam adotar modelo ‘996’ (72 horas semanais) para competir globalmente, gerando polêmica sobre o futuro do trabalho e o custo humano da inovação.
Em uma declaração que reascendeu o debate sobre os limites da cultura de trabalho no setor de tecnologia, o ex-CEO do Google, Eric Schmidt, afirmou que para as empresas ocidentais vencerem a corrida tecnológica, as pessoas precisam “trabalhar como loucas”. A receita para o sucesso, segundo o executivo, é seguir o controverso modelo chinês “996”, uma jornada de trabalho extenuante que muitos consideram análoga à escravidão moderna. A fala de Schmidt expõe uma visão de mundo pragmática e brutal, onde o equilíbrio entre vida pessoal e profissional é visto como um obstáculo para a vitória na nova guerra fria tecnológica.
O argumento do ex-CEO se baseia na cultura de trabalho que, segundo ele, impulsiona a China. O sistema “996” consiste em trabalhar das 9h da manhã às 21h da noite, seis dias por semana, totalizando 72 horas semanais. Embora essa prática tenha sido oficialmente declarada ilegal pelo governo chinês em 2021, Schmidt garante que “todos ainda a praticam”. Para ele, esse nível de sacrifício e disciplina é o preço a ser pago para liderar a inovação global, uma visão que colide frontalmente com os debates contemporâneos sobre saúde mental e bem-estar no ambiente de trabalho.
As críticas de Schmidt não param por aí. Ele mirou diretamente no trabalho remoto e na Geração Z, argumentando que o modelo flexível é especialmente prejudicial para os mais jovens. Segundo ele, os profissionais em início de carreira perdem o “aprendizado presencial” que ocorre organicamente nos escritórios, como ouvir discussões entre colegas experientes e observar a atuação de seus chefes. Essa mentoria informal, segundo ele, é insubstituível por videochamadas e essencial para o desenvolvimento profissional.
Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos…
O “modelo 996” é um jargão que se refere a uma jornada de trabalho de 72 horas semanais (das 9h às 21h, 6 dias por semana), comum em algumas empresas de tecnologia na China. Já a “IAG” (Inteligência Artificial Geral), ou AGI em inglês, é um conceito que descreve uma futura IA com capacidade cognitiva semelhante à humana, capaz de aprender e resolver qualquer tipo de problema, ao contrário das IAs atuais, que são especializadas em tarefas específicas. A corrida pela IAG é vista como a busca pelo Santo Graal da tecnologia, com potencial para mudar o mundo como o conhecemos.
A Guerra Fria da IA e o Futuro do Trabalho
A visão de Schmidt não é isolada e encontra eco dentro do próprio Google. O cofundador Sergey Brin também já defendeu uma semana de trabalho de 60 horas para as equipes de Inteligência Artificial da empresa, a fim de acelerar o desenvolvimento e não ficar para trás de rivais como a OpenAI. Após a pandemia, o Google reverteu parcialmente suas políticas flexíveis, exigindo que a maioria dos funcionários compareça ao escritório três dias por semana, um sinal de que a mentalidade de “guerra” está ganhando força.
Schmidt também expressou preocupação com as diferentes estratégias na corrida da IA. Enquanto as empresas americanas se concentram na busca pela “Superinteligência Artificial” (IAG), a China adota uma abordagem mais pragmática, focada em aplicações práticas e de uso cotidiano. Para ele, essa execução intensa, combinada com as longas jornadas, pode dar à China uma vantagem decisiva. A fala do ex-CEO do Google, portanto, é mais do que uma simples opinião; é a defesa de uma ideologia onde a vitória na arena tecnológica justifica o sacrifício dos direitos e do bem-estar dos trabalhadores. A questão que fica é: a que custo a sociedade está disposta a pagar por essa vitória?
Redação do Movimento PB com informações de IGN
Redação do Movimento PB [NMG-OGO-05102025-E9F1A4-13P]
