BrasilEconomiaPolítica

Gelo quebrado: Em telefonema de 30 minutos, Lula pede a Trump o fim do ‘tarifaço’ e o convida para a COP30 no Brasil

Gelo quebrado: Em telefonema de 30 minutos, Lula pede a Trump o fim do ‘tarifaço’ e o convida para a COP30 no Brasil

Em tom amistoso e relembrando a “boa química” da ONU, presidentes estabelecem canal direto de comunicação e designam equipes para destravar a crise comercial, mas desconfiança mútua ainda paira sobre a relação.

Em um dos gestos diplomáticos mais aguardados e tensos do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por telefone na manhã desta segunda-feira (6). O diálogo de 30 minutos, realizado a partir do Palácio da Alvorada, foi a primeira conversa substancial entre os dois líderes e teve como pauta central a crise comercial deflagrada pelo “tarifaço” americano sobre produtos brasileiros. Lula foi direto: solicitou a retirada das sobretaxas e, em um aceno de boa vontade, convidou Trump para a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém.

A conversa, descrita pelo governo brasileiro como ocorrida em “tom amistoso”, buscou capitalizar a “boa química” que ambos os presidentes afirmaram ter sentido durante um breve encontro na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Acompanhado por uma comitiva de peso, que incluía o vice-presidente Geraldo Alckmin e os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), Lula descreveu o contato como uma “oportunidade para a restauração das relações amigáveis de 201 anos entre as duas maiores democracias do Ocidente”. Como resultado prático, os dois líderes trocaram números de telefone para estabelecer uma via direta de comunicação e designaram suas equipes para dar sequência às negociações.

Do lado americano, o Secretário de Estado Marco Rubio foi encarregado de negociar com Alckmin, Haddad e Vieira. A complexidade da relação, no entanto, permanece. A diplomacia brasileira trabalhou com cautela para que este primeiro contato ocorresse por telefone, temendo que um encontro presencial imediato pudesse ser minado por assessores de Trump ou por novas reviravoltas do temperamental presidente americano. O histórico de idas e vindas de Trump e sua conhecida aliança com o ex-presidente Jair Bolsonaro são fatores que mantêm o Itamaraty em estado de alerta.

A origem do tarifaço, que impôs uma sobretaxa de 50% sobre cerca de um terço das exportações brasileiras para os EUA, nunca foi puramente econômica. Trump, embora tenha citado um inexistente déficit comercial, deixou claro que a medida era uma forma de pressão política ligada à condenação de Bolsonaro pelo STF por tentativa de golpe. Lula, por sua vez, tem sido firme em afirmar que a soberania do Brasil e a independência de seus poderes não são negociáveis, mas sempre se manteve aberto ao diálogo comercial.

O telefonema desta segunda-feira, portanto, representa um passo pragmático de ambos os lados. Para Lula, é a chance de reverter um prejuízo bilionário para a economia brasileira e reafirmar a posição do Brasil como um ator global, discutindo temas como a crise climática. Para Trump, pode ser o reconhecimento de que a pressão sobre o caso Bolsonaro não surtiu o efeito desejado e que é mais vantajoso negociar. Apesar da “boa química” e dos canais abertos, a desconfiança mútua persiste, e o sucesso desta reaproximação dependerá da habilidade das equipes designadas em transformar a conversa amistosa em resultados concretos que beneficiem ambos os países.

Redação do Movimento PB com informações de G1

Redação do Movimento PB [NMG-OGO-06102025-P5Q9R2-13P]