Governo lança nova ‘poupança do imóvel’ e libera R$ 150 bilhões para destravar o crédito da casa própria
Fim da regra dos 65% e liberação de depósitos compulsórios prometem injetar recursos no mercado, beneficiando a classe média com 80 mil novos financiamentos e juros controlados.
O governo federal deu um passo decisivo para solucionar a crise de financiamento no mercado imobiliário brasileiro. Em um anúncio que redesenha as regras do setor, foi lançado nesta sexta-feira (10) um novo modelo de crédito para a construção e compra da casa própria, focado em destravar recursos da caderneta de poupança e beneficiar, principalmente, a classe média. A medida, que será implementada gradualmente, promete injetar bilhões na economia e viabilizar a construção de milhares de novas moradias em todo o país.
A mudança ataca o cerne do problema: o esgotamento do modelo atual. Pelas regras vigentes, 65% de todo o dinheiro depositado na poupança pelos brasileiros era obrigatoriamente direcionado ao crédito imobiliário. No entanto, com a baixa rentabilidade da aplicação nos últimos anos, os saques superaram os depósitos, enxugando a principal fonte de recursos (funding) para o setor. O governo agora propõe o fim gradual dessa trava de 65% e a eliminação dos depósitos compulsórios (dinheiro que os bancos são obrigados a deixar parado no Banco Central), liberando uma montanha de recursos para o mercado.
Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos…
O financiamento da casa própria no Brasil depende, historicamente, do dinheiro da caderneta de poupança. Uma regra antiga obrigava os bancos a usarem 65% desses depósitos para emprestar no setor imobiliário. Outros 20% ficavam retidos no Banco Central, como “depósito compulsório”, uma ferramenta para controlar a economia. Com a poupança rendendo pouco, as pessoas tiraram seu dinheiro de lá, e o “tanque” do crédito imobiliário começou a secar. A nova medida, na prática, quebra essas amarras: libera o dinheiro que estava parado no BC e permite que os bancos usem 100% do saldo da poupança como referência para seus empréstimos, além de outras fontes, aumentando a oferta de crédito.
O impacto direto no bolso da classe média
Para o cidadão, a mudança se traduzirá em mais oportunidades e juros mais controlados. Segundo o ministro das Cidades, Jader Filho, a medida permitirá que a Caixa Econômica Federal financie imediatamente 80 mil novos imóveis, com juros limitados a 12% ao ano – abaixo da taxa básica da economia. O crédito será destinado a uma faixa da população que estava em um limbo: famílias com renda de até R$ 12,5 mil por mês, que ganham demais para as faixas mais populares do Minha Casa, Minha Vida, mas não o suficiente para arcar com os juros de mercado.
Além disso, para ampliar o alcance do benefício, o valor máximo do imóvel que pode ser financiado dentro das regras do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) foi reajustado, saltando de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões. Segundo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ao combinar os recursos da poupança com outras fontes de captação dos bancos, será possível aumentar a oferta de crédito sem que a taxa de juros para o consumidor final precise subir.
A transição para o novo modelo será gradual, com plena vigência a partir de janeiro de 2027. Para Renato Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a iniciativa, somada às recentes mudanças no FGTS, muda completamente o cenário da habitação no país. “Depois do MCMV, lançar o novo sistema para a classe média demonstra compromisso inabalável com a moradia digna”, afirmou.
A medida do governo é uma jogada de mestre em engenharia financeira e social. Ao invés de gastar recursos do orçamento, ela altera as regras do jogo para que o próprio sistema financeiro possa irrigar um setor vital da economia. Ao destravar o crédito para a classe média, o governo não apenas atende a uma demanda social reprimida, mas também estimula a construção civil, um dos maiores geradores de emprego e renda do país, criando um ciclo virtuoso de crescimento sem pressionar as contas públicas.
Redação do Movimento PB
Redação do Movimento PB [NMG-OGO-10102025-J8K1L9-13P]