Sindifisco Nacional prevê que isenção do IR para salários até R$ 5 mil pode elevar o PIB em 3 pontos percentuais em 2026, com aumento do consumo como principal motor.
O Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional) projeta que a isenção do Imposto de Renda (IR) para trabalhadores que recebem até R$ 5 mil mensais pode gerar um aumento de até 3 pontos percentuais no Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2026. A proposta, apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Congresso Nacional em 18 de março de 2025, prevê que, a partir de 2026, esses trabalhadores fiquem livres do tributo, enquanto aqueles com salários entre R$ 5 mil e R$ 7 mil terão descontos parciais. Segundo o sindicato, o impacto positivo viria do redirecionamento do valor antes destinado ao IR para o consumo, desencadeando um efeito multiplicador na economia.
A medida ampliaria significativamente a faixa de isenção atual, que hoje beneficia apenas quem ganha até R$ 2.259,20 por mês. O objetivo principal, conforme indicado pelo governo, é diminuir a desigualdade social e aumentar a renda disponível para milhões de brasileiros. De acordo com o Sindifisco Nacional, o perfil dos trabalhadores beneficiados – em grande parte assalariados formais – tende a gastar a maior parte de sua renda em bens e serviços, o que estimularia diversos setores econômicos.
Dão Real, presidente do Sindifisco Nacional, detalhou o raciocínio por trás da estimativa. “A liberação desse recurso para o consumo terá um efeito multiplicador na economia. Projetamos que esse impacto positivo supere a leve queda nos investimentos, resultando em um crescimento do PIB de até 3 pontos percentuais”, declarou. Ele destaca que a injeção de renda nas mãos de consumidores de baixa e média renda poderia aquecer o mercado interno, beneficiando desde o comércio até a indústria.
Para garantir que a medida não comprometa as contas públicas, o governo aposta na chamada neutralidade fiscal. Isso significa que a perda de arrecadação com o IR seria compensada por outras fontes de receita. Entre as ações previstas estão a tributação de lucros remetidos ao exterior e o aumento de impostos sobre rendas mais altas. Embora a projeção de 3 pontos percentuais no PIB seja uma estimativa específica do Sindifisco Nacional, ainda não validada por outros estudos independentes, analistas reconhecem que o estímulo ao consumo pode, de fato, contribuir para o crescimento econômico, desde que as medidas compensatórias sejam bem-sucedidas.
A proposta ainda está em tramitação no Congresso, e sua aprovação dependerá de negociações políticas e da capacidade do governo de articular as contrapartidas fiscais. Caso implementada, a isenção representaria uma das maiores reformulações na política tributária brasileira nas últimas décadas, com potencial para alterar o cenário econômico e social do país.
Texto adaptado de Brasil247 e revisado pela nossa redação.