Economia

ISPs e o dilema de avançar na oferta de serviços móveis

ISPs e o dilema de avançar na oferta de serviços móveis

Os provedores de Internet (ISPs) vivem um dilema estratégico: entrar rapidamente no mercado de telefonia móvel ou correr o risco de perder competitividade diante da desaceleração da banda larga fixa. Essa foi a principal conclusão de executivos que participaram do painel no evento Warm-Up, em São Paulo, no dia 29 de setembro.

A corrida pelo mercado móvel

De acordo com Rudinei Carlos Gerhart, CEO da Tá Telecom, há espaço para modelos diferenciados de operação, mesmo em um mercado altamente concentrado nas mãos de Claro, TIM e Vivo. Ele destacou que os consumidores costumam pagar por pacotes de dados maiores do que realmente utilizam e que os ISPs locais podem explorar o relacionamento de proximidade para alavancar suas operações móveis.

“É preciso entrar no mercado móvel e entrar logo. Quanto mais o provedor postergar a entrada, mais vai apanhar”, alertou Gerhart, ressaltando que o aprendizado exige tentativa e erro. Segundo ele, a experiência da Oi Móvel — que mesmo com limitações técnicas detinha 17% do mercado antes de ser vendida — mostra que é possível competir.

O papel das parcerias

Alexandre Alves, CEO da TIP Brasil, destacou que o êxito depende da capacidade de construir alianças. Sua empresa, que opera como MVNO white label, já firmou acordos com mais de 300 provedores e está envolvida em projetos com a Unifique e a iez! telecom para expandir o 5G em estados do Sul e Sudeste.

“Ninguém tem braço para fazer uma operação móvel sozinho”, disse Alves, reforçando a importância de modelos cooperativos para reduzir custos e acelerar a chegada ao cliente final.

Experiências em andamento

A Unifique anunciou recentemente que superou a marca de 200 mil acessos móveis. Nas regiões onde já tem banda larga, a aceitação foi mais rápida; em outras localidades, a empresa aposta em parcerias com ISPs locais. O diretor de mercado, Jair Francisco, revelou ainda que o tíquete médio cresceu de R$ 38 para R$ 43 com a oferta móvel, o que ajuda a financiar os investimentos de mais de R$ 1 bilhão destinados à implantação do 5G em 800 cidades.

Já a Algar vem diversificando sua presença no setor com a marca Nomo, lançada em 2024 como uma operação 100% digital. O serviço já atua em São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, com expansão prevista para Curitiba e Recife até o fim do ano. Segundo o CRO Márcio Stefan, a empresa agora combina dois perfis de oferta: a tradicional, voltada ao cliente que busca atendimento completo, e a digital, que privilegia simplicidade.

Desafios e perspectivas

O cenário aponta para um movimento inevitável: os ISPs precisam se reposicionar para competir em um mercado onde a conectividade móvel e o 5G assumem papel central. O desafio não está apenas em obter licenças ou infraestrutura, mas em estruturar modelos comerciais sustentáveis, capazes de transformar a presença local em vantagem competitiva.

Para os executivos presentes no Warm-Up, a mensagem é clara: a janela de oportunidade está aberta, mas não por muito tempo. Quem demorar pode perder espaço para concorrentes mais ágeis.

Da redação, com informações do Teletime News.

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