Milionários de “Baixo Consumo” Trocam Luxo por Simplicidade e Sustentabilidade

Milionários optam por carros usados, roupas de segunda mão e comida caseira, priorizando liberdade financeira e sustentabilidade em vez do consumo ostentatório.

Em meio a uma sociedade voltada para o consumo desenfreado, um grupo de indivíduos com fortunas consideráveis está adotando um estilo de vida marcado pela simplicidade. Chamados de milionários de “baixo consumo”, eles dirigem veículos usados, cozinham alimentos práticos e evitam compras de roupas novas, focando em acumular riqueza para objetivos como aposentadoria precoce ou maior autonomia no trabalho. Essa tendência, destacada pela Fortune, revela uma nova definição de prosperidade que dispensa símbolos tradicionais de status.

Escolhas Conscientes e Metas de Longo Prazo

Shang Saavedra, empresária multimilionária, exemplifica essa filosofia. Ela vive em uma casa alugada sem ostentação, usa um carro de 16 anos e prefere produtos congelados em suas compras. Junto ao marido, Saavedra canaliza recursos para investimentos duradouros, como a educação dos filhos e propriedades rentáveis. “Qual é o objetivo final do subconsumo? Se alguém se dedica ao subconsumo apenas pelo ato em si, rapidamente se esgota e se torna infeliz”, reflete ela, enfatizando que o foco na liberdade financeira e na família dá sentido à austeridade. Para ela, o maior luxo é a tranquilidade, especialmente em épocas festivas, quando prioriza doações.

Outro caso é o de Annie Cole, cujo patrimônio ultrapassa um milhão de dólares. Com gastos mensais abaixo de 4.000 dólares, ela aposta em roupas usadas e refeições caseiras, planejando se aposentar antes dos 45 anos. Profissionais como o dentista Robert Chin e sua colega Jessica Pharar também adotam a prática, compartilhando caronas e levando marmitas ao trabalho. Essas decisões, segundo a Fortune, abrem caminho para mais tempo livre e a possibilidade de deixar a carreira mais cedo.

Sustentabilidade e Contracultura Digital

Além da esfera financeira, o baixo consumo traz benefícios ambientais, reduzindo desperdícios e o uso de itens descartáveis, conforme aponta o portal Living on a Dime. O site esclarece que austeridade não é sinônimo de escassez, mas de gestão inteligente dos recursos. “Você pode ser extremamente rico e viver de forma frugal, porque ser frugal significa ser cuidadoso com seu dinheiro”, destaca a publicação. Essa visão desafia a pressão das redes sociais, como TikTok e Instagram, que, segundo o Yahoo! Finance, incentivam compras impulsivas e contrastam com esse estilo de vida.

A tendência também ganha força entre a Geração Z, que, sob o nome de “núcleo do subconsumo”, exibe no TikTok hábitos como usar produtos até o fim e cozinhar em casa. Dominique Joane, pioneira ao abordar o tema na plataforma, observa: “Foi revigorante abrir o TikTok e ver como o consumo excessivo está sendo questionado em nossa cultura”. Ainda assim, ela pondera se o movimento terá impacto duradouro ou se será apenas uma moda passageira, como tantas outras nas redes.

Filosofia Além da Economia

A resistência cultural ao baixo consumo é evidente, mas figuras como Saavedra mostram que a prática vai além de poupar dinheiro. Ela admite desejos ocasionais por luxos, como um jantar especial, mas destaca a importância de compreender as motivações por trás deles. “Muitas vezes, é uma necessidade psicológica”, diz, sugerindo que a simplicidade pode atender anseios mais profundos. Assim, o modelo não se restringe aos ricos: serve como inspiração para quem busca escapar das amarras do consumismo, equilibrando bem-estar financeiro e consciência ambiental.


Texto adaptado de Fortune, Yahoo! Finance, Living on a Dime e BuzzFeed, revisado pela nossa redação.

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