Montadoras chinesas usam híbridos plug-in e motores tradicionais para penetrar na Europa, desafiando tarifas e estratégias da UE para veículos elétricos.
A Resposta Chinesa Além dos Elétricos
Enquanto a União Europeia (UE) concentrou esforços em taxar veículos elétricos (VEs) chineses, fabricantes como BYD e MG estão conquistando espaço com tecnologias híbridas plug-in e motores a combustão. A UE ativou tarifas compensatórias sob a alegação de subsídios estatais chineses, que permitiriam preços “artificialmente baixos” aos concorrentes europeiros. No entanto, dados recentes sugerem que a estratégia pode ter falhado em conter a expansão asiática.
Dados Revelam Queda no Mercado Elétrico Europeu
Segundo a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA), as vendas de VEs na UE caíram 4,9% entre janeiro e outubro de 2024, com 1,17 milhão de unidades vendidas — 60,2 mil a menos que em 2023. A Alemanha, maior mercado do bloco, registrou queda de 26,6%, impulsionada pelo fim dos subsídios governamentais em 2023. Enquanto isso, países como França, Bélgica e Países Baixos mantiveram crescimento, mas enfrentam barreiras como alto custo dos veículos e infraestrutura de recarga limitada.
Preços Competitivos como Estratégia
Montadoras chinesas estão explorando nichos negligenciados pelas concorrentes europeias. Modelos híbridos plug-in, como o BYD Seal U DM-i, são oferecidos na Espanha por €37,2 mil — quase metade do preço do Honda CR-V híbrido (€61,7 mil). A MG HS plug-in, por exemplo, custa €35,7 mil, valor significativamente inferior aos concorrentes europeus, como Cupra Leon (€40 mil) e Peugeot 408 (€43 mil). Além disso, incentivos locais, como o Plano MOVES III, ampliam a atratividade dos modelos chineses.
O Crescimento Silencioso das Marcas Chinesas
Na Espanha, a BYD vendeu 4.047 unidades entre janeiro e novembro de 2024, superando Alfa Romeo, DS e Honda. Já a MG registrou 27.336 emplacamentos no mesmo período, ultrapassando Mazda, Fiat e Volvo. A Omoda, marca do grupo Chery, alcançou 6.893 vendas, equiparando-se a Suzuki e MINI. Na Europa, o grupo SAIC (controlador da MG) expandiu suas vendas em 7% em 2024, atingindo 197.625 unidades.
Tecnologia e Adaptação aos Novos Limites
Os híbridos plug-in chineses combinam motores a combustão com sistemas elétricos avançados. O BYD Seal U DM-i, por exemplo, oferece até mil quilômetros de autonomia e quatro modos de funcionamento, incluindo frenagem regenerativa. A homologação desses veículos também os torna estratégicos para cumprir as metas de emissões da UE para 2025 e 2030, já que reduzem a média de CO₂ das montadoras.
O Erro de Cálculo Europeu?
Especialistas questionam se a UE subestimou o potencial dos híbridos plug-in. Enquanto o bloco focava em restringir VEs, as montadoras chinesas aproveitaram a demanda por veículos acessíveis — categoria abandonada por europeias devido aos altos custos. “Os motores tradicionais ainda atraem um público que perdeu opções nos últimos anos”, destacam analistas. Com preços até 40% menores, os modelos chineses desafiam não apenas o futuro elétrico, mas o presente do mercado automotivo.
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Texto adaptado de Xataka e revisado pela nossa redação.