Petrobras reabre debate sobre subsídio do gás de cozinha para aliviar orçamento familiar
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, defendeu publicamente a retomada de políticas de subsídio para o gás de cozinha, reacendendo um debate histórico sobre equilíbrio entre proteção social e viabilidade econômica. A proposta visa estabelecer preços diferenciados entre uso doméstico e industrial para conter distorções de mercado que impactam diretamente o orçamento das famílias brasileiras.
“O país pode precisar retomar políticas de diferenciação de preços para conter distorções do mercado”, afirmou Chambriard em entrevista à Folha de S.Paulo.
Contexto de pressão sobre preços
A declaração ocorre em um momento de tensionamento: dados da ANP mostram alta de 6% no preço médio do botijão entre novembro e julho, mesmo sem reajustes oficiais nas refinarias. A Petrobras atribui parte desta elevação a leilões com distribuidoras onde preços chegam ao dobro do valor base, criando efeito cascata no varejo.
Antecedentes e críticas ao modelo anterior
A política de subsídios foi extinta em 2020 após críticas sobre ineficiência targeting – beneficiava também famílias de maior poder aquisitivo. Especialistas alertam que qualquer retomada exigiria critérios rigorosos para evitar repetição de distorções, possivelmente através de programas focalizados como o discutido botijão gratuito para populações vulneráveis.
Impactos regionais e sociais
No Nordeste, onde o gás de cozinha representa parcela significativa da despesa familiar mensal, a medida teria impacto direto no poder aquisitivo. Na Paraíba, estado com considerável população de baixa renda, a redução no preço do botijão de 13 kg poderia liberar recursos para outras necessidades básicas, funcionando como mecanismo antiinflacionário indireto.
Desafios de implementação
A proposta enfrenta obstáculos complexos:
- Retorno da Petrobras à distribuição direta após venda da Liquigás
- Coordenação com distribuidoras privadas para repasse de subsídios
- Prevenção de formação de mercado paralelo (contrabando)
- Compatibilização com políticas de livre concorrência
Panorama energético nacional
O debate sobre o gás LP ocorre paralelamente à discussão sobre transição energética justa. Críticos argumentam que subsídios poderiam desacelerar migração para energias renováveis, enquanto proponentes enfatizam a necessidade de proteção social durante este período de transformação do matriz energética brasileira.
O reposicionamento da Petrobras neste debate sinaliza possível revisão da política de preços da era Bolsonaro, alinhando-se à agenda social do governo Lula. O desafio permanece na construção de mecanismos eficientes que conciliem alívio imediato às famílias com sustentabilidade fiscal e manutenção de investimentos no setor energético.
Da redação com informações da Folha de S.Paulo [GPT-OAI-07082025-1430-4OT]