Economia

Raio-X da Dependência: 340 Cidades Brasileiras Têm nos EUA Mais da Metade de seu Mercado Externo

A balança comercial entre Brasil e Estados Unidos, muitas vezes discutida em termos de bilhões de dólares e grandes setores, possui um impacto direto e profundo na vida de centenas de pequenos e médios municípios brasileiros. Um levantamento com base nos registros de exportação de 2024 revela um dado alarmante sobre essa relação: 340 cidades no Brasil dependem dos Estados Unidos para obter, no mínimo, metade de toda a sua receita com o mercado externo.

Essa dependência econômica se espalha por todo o território nacional, conectando localidades de norte a sul do país diretamente às flutuações do mercado e da política norte-americana. Os produtos embarcados são diversos, indo desde commodities tradicionais, como aço e carne, até itens de altíssimo valor agregado, como os aviões produzidos pela Embraer em São José dos Campos (SP). Para essas cidades, a saúde da economia americana não é um assunto distante, mas uma questão de sobrevivência financeira.

O Mapa da “EUA-Dependência” no Brasil

A análise geográfica dos dados mostra que a dependência é um fenômeno vasto, mas não uniforme. A situação mais crítica, em termos proporcionais, é a do Espírito Santo, onde 26% de todos os seus municípios estão nessa condição de alta vulnerabilidade ao mercado americano. Isso significa que mais de um quarto das cidades capixabas com vocação exportadora têm seu destino econômico atrelado a um único parceiro comercial.

Apenas quatro estados em toda a federação não possuem nenhum município nesta lista: Acre, Amapá, Roraima e Alagoas. Para os três estados da Região Norte, a ausência no mapa da “EUA-dependência” reflete, segundo analistas, um quadro histórico de isolamento geográfico e baixa integração econômica com os mercados globais, um desafio estrutural para o desenvolvimento local.

Alagoas e o Desafio da Baixa Exportação no Nordeste

O caso de Alagoas, o único estado fora do eixo Norte a não ter cidades na lista, aponta para uma outra faceta do problema. O estado está entre os que menos faturam com exportações no Brasil, superando no Nordeste apenas Sergipe, o menor estado da região. Analistas apontam que essa baixa performance exportadora está ligada a desafios institucionais históricos e a uma matriz econômica pouco diversificada, o que limita sua capacidade de competir no mercado internacional.

A situação de Alagoas serve de alerta para o Nordeste. Para as cidades da região que constam na lista de alta dependência, a relação com os EUA, embora lucrativa, representa um risco constante. Uma eventual mudança na política tarifária da Casa Branca, por exemplo, poderia ter um impacto devastador e imediato sobre empregos e receitas locais, reforçando a necessidade de buscar uma maior diversificação de parceiros comerciais.

No fim, o mapa da exportação brasileira é um retrato da nossa complexidade: uma nação de imenso potencial, mas cuja prosperidade em muitas localidades ainda repousa sobre uma base de risco que precisa ser urgentemente diversificada. O desafio para o Brasil é usar os laços existentes como plataforma para construir uma economia mais soberana e resiliente, garantindo que o futuro de suas cidades não dependa das decisões tomadas em um único gabinete estrangeiro.

Da redação do Movimento PB, com informações de agências de notícias

Redação do Movimento PB [GME-GOO-29072025-1834-15P]

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