“Resistência de Lula Dá Resultado”: Agência Americana Diz que Trump Recuou e Isentou Setores-Chave de Tarifas
A postura firme do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em defesa da soberania brasileira diante das ameaças de Donald Trump parece ter surtido efeito. Segundo análise da agência de notícias americana Bloomberg, a resposta “desafiadora” do Brasil foi validada nesta quarta-feira (31), quando o governo dos EUA detalhou as tarifas de 50% e revelou uma longa lista de isenções, trazendo alívio para mercados e empresas.
O decreto de Trump, que agora passa a valer a partir de 6 de agosto, isenta 694 produtos específicos. A decisão protege setores estratégicos da indústria brasileira, como os de minerais, energia, metais, fertilizantes, papel e celulose, além de bens para a aviação civil — um ponto crucial para a Embraer, que teve sua liderança empresarial atuando fortemente nos bastidores em Washington.
Alívio para a Indústria, Pressão sobre o Agronegócio
Apesar do recuo em áreas importantes, a lista de exceções deixou de fora produtos de grande peso para o agronegócio brasileiro, como carne, frutas e café. A análise da Bloomberg destaca um ponto politicamente sensível: muitos desses produtos são os principais itens de exportação de estados que concentram uma forte base de eleitores do ex-presidente Jair Bolsonaro, sugerindo que a pressão tarifária pode ter sido calibrada para atingir alvos políticos específicos dentro do Brasil.
Essa tese é reforçada pela informação de que o governo brasileiro teve contato limitado com a Casa Branca nas últimas semanas, dependendo de um grupo de líderes empresariais para defender os interesses do país. A vitória, portanto, foi parcial e revelou uma estratégia americana de modular a pressão econômica.
A Soberania como Estratégia de Negociação
A agência americana ressalta que Lula “se manteve firme contra a pressão dos EUA” para interferir no sistema judicial e paralisar o processo contra Jair Bolsonaro. A reportagem da Bloomberg reconhece que o presidente brasileiro sequer teria poder para intervir nas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), e que sua postura de defender as instituições, embora popular no Brasil, parecia tornar as tarifas inevitáveis.
O resultado, no entanto, sugere que a firmeza diplomática foi a estratégia correta, demonstrando que o Brasil não cederia à chantagem. A decisão de Trump de atenuar as medidas é vista como um reconhecimento de que uma guerra comercial total traria prejuízos também para os Estados Unidos, que dependem de muitos dos produtos brasileiros agora isentos.
A Crise Não Acabou: Futuro Atrelado a Bolsonaro e Moraes
O alívio, contudo, é temporário e condicional. O desafio do governo Lula, segundo a Bloomberg, é transformar o adiamento e as isenções em uma distensão duradoura. A agência alerta que o julgamento de Bolsonaro continua sendo o pivô da crise, e uma eventual condenação poderia levar Trump a suspender as isenções e retomar a pressão total.
Além disso, as severas sanções da Lei Magnitsky contra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, continuam em vigor, representando um ponto de atrito constante e uma ferramenta de pressão sobre o Judiciário brasileiro. A distensão, embora bem-vinda, é precária. Ela mostra a força da diplomacia brasileira quando atua com firmeza, mas também expõe a perigosa normalização da chantagem na política internacional. O desafio do Brasil, agora, é transformar este alívio momentâneo em uma reafirmação duradoura de que sua soberania e suas instituições não estão na mesa de negociação.
Da redação do Movimento PB, com informações da BBC News Brasil e da agência Bloomberg
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