“Se dados são o novo petróleo, vou fazer o Serpro ser maior que a Petrobras”, diz presidente da estatal
Em audiência sobre regulação da Inteligência Artificial, Alexandre Amorim defende protagonismo do Brasil no setor e anuncia plano para uma “IA generativa soberana” com tecnologia nacional.
Em uma declaração que sinaliza uma mudança de paradigma na economia digital brasileira, o presidente do Serpro, Alexandre Amorim, projetou um futuro onde o valor dos dados superará o do petróleo. Durante uma audiência na Câmara dos Deputados para debater a regulação da Inteligência Artificial, Amorim foi enfático ao posicionar a estatal de tecnologia como a joia da coroa da soberania nacional. “Se os dados são o novo petróleo, o Serpro está sentado na maior jazida hoje em dia. E só vou descansar quando o Serpro for maior que a Petrobras”, afirmou.
A fala ambiciosa ocorreu durante a discussão do Projeto de Lei 2338/23 e reflete uma estratégia agressiva para colocar o Brasil não apenas como consumidor, mas como um desenvolvedor de ponta em IA. Segundo Amorim, o Serpro, que já possui mais de 250 soluções de IA em seu portfólio e é responsável por 90% dos sistemas do governo federal, tem a missão de transformar o imenso volume de dados governamentais em inteligência para a formulação de políticas públicas mais eficientes.
Rumo a uma Inteligência Artificial “Soberana”
O plano para alcançar esse protagonismo já está em andamento. Amorim revelou que a estatal está desenvolvendo seu próprio LLM (Large Language Model), treinado em data centers próprios para garantir que todas as informações processadas permaneçam em um ambiente seguro e restrito ao governo. O próximo passo, segundo ele, é ainda mais ousado: a criação de uma IA generativa totalmente brasileira.
“O Serpro está construindo caminhos para, através de parceria, viabilizar a inteligência artificial generativa soberana treinada na semântica da língua portuguesa”, anunciou. Ele informou que um edital para credenciamento de parceiros será publicado ainda este mês, buscando colaborações que garantam o desenvolvimento de novos modelos de IA especializados nos contextos de negócios do governo brasileiro, com respeito às particularidades regionais.
Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos…
A discussão sobre Inteligência Artificial é repleta de termos técnicos. Um LLM (Large Language Model), ou Grande Modelo de Linguagem, é o “cérebro” por trás de IAs como o ChatGPT; um sistema treinado com uma vasta quantidade de texto para entender e gerar linguagem humana. Uma IA generativa soberana é um passo além: trata-se de uma IA generativa (capaz de criar conteúdo novo) desenvolvida e controlada pelo próprio país, garantindo que os dados e a tecnologia não dependam de empresas ou governos estrangeiros. Já o sandbox regulatório é um ambiente de testes controlado, onde novas tecnologias podem ser experimentadas sob supervisão do governo, permitindo inovar com segurança antes de uma liberação em larga escala.
Regulação para inovar, não para frear
Ao defender a regulação proposta pelo PL, Amorim pediu um equilíbrio cuidadoso entre inovação e segurança. Ele argumentou que é crucial classificar sistemas de IA de alto risco sem, no entanto, sufocar a viabilidade de novos projetos. Para isso, apoiou a criação de um sandbox regulatório. O presidente do Serpro também fez uma defesa veemente para que Serpro e Dataprev, como guardiãs dos dados do Estado, participem ativamente do novo Sistema Nacional de Regulação e Governança de Inteligência Artificial (SIA).
A visão apresentada por Amorim transcende a tecnologia e toca o cerne da soberania nacional no século 21. A mensagem é clara: o Brasil não pode se contentar com o papel de mero consumidor de soluções criadas no exterior. “A inteligência artificial é a chave para garantir autonomia, inovação e cidadania digital”, concluiu. A aposta de transformar o Serpro em uma potência maior que a Petrobras não é apenas uma metáfora sobre valor, mas um manifesto sobre o futuro, onde a riqueza de uma nação será medida não apenas por seus recursos naturais, mas por sua capacidade de gerar inteligência a partir de seus próprios dados.
Redação do Movimento PB [NMG-OOG-17092025-F8A1B2-13P]
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