Tarifa de Trump reconfigura mercado e México supera EUA como 2º maior importador de carne bovina do Brasil
Com crescimento de 420% nas exportações para o país latino-americano, agronegócio brasileiro diversifica parceiros em resposta a barreiras protecionistas e mostra resiliência, com setor batendo recordes de faturamento.
O tabuleiro do comércio exterior da carne bovina brasileira passou por uma reconfiguração drástica no primeiro semestre de 2025. Em um movimento impulsionado por tensões comerciais, o México ultrapassou os Estados Unidos e se consolidou como o segundo maior destino do produto nacional, ficando atrás apenas da China. A mudança é resultado direto da imposição de uma tarifa adicional de 50% pelo governo de Donald Trump, que provocou uma queda abrupta nas compras norte-americanas.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), os números da ascensão mexicana são expressivos. Entre janeiro e junho, as exportações para o país cresceram impressionantes 420%, saltando de 3,1 mil para 16,1 mil toneladas. Em valores, o aumento foi de US$ 15,5 milhões para US$ 89,3 milhões, evidenciando uma rápida e estratégica realocação de mercado por parte dos frigoríficos brasileiros.
Retração americana e a busca por novos parceiros
Enquanto o México abria as portas, o mercado norte-americano se fechava. Em abril, os EUA importaram 44,1 mil toneladas de carne brasileira. Em junho, após o acirramento das tensões, o volume despencou 67%, para apenas 13,4 mil toneladas. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) estima que cerca de 30 mil toneladas de carne, já prontas para o embarque, estão retidas aguardando uma solução para a barreira tarifária.
A China segue como líder isolada, com importações que somaram 134,4 mil toneladas (US$ 739,9 milhões) em junho, reafirmando sua posição como principal parceiro comercial do setor. A diversificação, no entanto, não se restringe ao México. O Chile também ampliou significativamente suas compras, passando de US$ 45 milhões em janeiro para mais de US$ 66,5 milhões em julho, consolidando uma tendência de fortalecimento dos laços comerciais na América Latina.
Setor mostra resiliência apesar da crise
Apesar do choque causado pela medida protecionista dos EUA, o setor de carne bovina demonstrou uma notável capacidade de adaptação. Os dados preliminares de julho indicam que as vendas totais já ultrapassaram US$ 1,35 bilhão, projetando o melhor resultado mensal da década para o setor. Esse desempenho recorde, mesmo com a perda de um mercado importante, comprova o sucesso da estratégia de diversificação e a forte demanda global pelo produto brasileiro.
A decisão de Trump, embora tenha gerado um prejuízo imediato e uma crise diplomática, pode ter acelerado um movimento benéfico a longo prazo para o agronegócio nacional. Ao forçar a busca por mercados alternativos, a medida acabou por reduzir a dependência do Brasil em relação aos Estados Unidos, fortalecendo a presença da carne brasileira em novos e promissores parceiros comerciais e impactando positivamente toda a cadeia produtiva do país, do Sul ao Nordeste.
Da redação com informações da Jovem Pan
Redação do Movimento PB [GMN-GOO-26082025-E4C1A9-15P]
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