Trump recua e suspende tarifas de 40% sobre café, carne e frutas do Brasil

Decisão assinada nesta quinta (20) é retroativa e marca retomada do diálogo diplomático pressionada pela inflação de alimentos nos EUA.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto nesta quinta-feira (20/11) suspendendo as tarifas de 40% aplicadas sobre diversos produtos agrícolas brasileiros. A medida, que traz alívio imediato ao agronegócio nacional, retira as taxações extras sobre itens essenciais da pauta exportadora, como café, cortes de carne bovina, açaí, tomate, manga, banana e cacau.
A suspensão é retroativa, valendo para mercadorias que ingressaram no território americano a partir de 13 de novembro. A data coincide com a reunião em Washington entre o chanceler brasileiro Mauro Vieira e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, sinalizando um avanço nas negociações bilaterais.
Pragmatismo econômico contra a inflação
Embora a imposição das tarifas tenha nascido de um contexto político — alegadamente uma retaliação às investigações judiciais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro —, o recuo americano reflete uma pressão econômica interna inegável. Os Estados Unidos enfrentam um aumento na inflação de alimentos, e o “tarifaço” agravou os preços para o consumidor local.
O Brasil é estratégico para a segurança alimentar americana em frentes críticas:
- Café: Somos o principal fornecedor do grão para os EUA, responsáveis por cerca de um terço das importações.
- Carne Bovina: Os EUA vivem o menor estoque de gado em 74 anos devido a secas, tornando a importação brasileira vital para conter preços nos supermercados.
- Frutas: A medida beneficia diretamente produtores de manga e outros itens tropicais, que sofreram com cancelamentos de pedidos e produção encalhada durante a vigência das taxas.
Diálogo político e repercussão
A normalização das relações comerciais foi costurada também por contato direto entre os chefes de Estado. O decreto de Trump cita expressamente a conversa telefônica que teve com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 6 de outubro, classificando o momento como o início do acordo para as negociações.
Em São Paulo, Lula celebrou a decisão como uma vitória da postura diplomática brasileira. “Ninguém respeita quem não se respeita”, afirmou o presidente, ressaltando que resultados na política e economia não surgem de mágica, mas de construção. O Itamaraty e o assessor especial Celso Amorim reforçaram que o passo vai na “direção certa”.
Na contramão do otimismo diplomático, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou a medida nas redes sociais, alegando que o governo brasileiro “não teve qualquer mérito” e atribuindo o recuo apenas a fatores inflacionários dos EUA. Vale lembrar que as tarifas originais foram justificadas por Trump como resposta ao que chamou de “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro, atualmente condenado a 27 anos de prisão.
A decisão mantém o Secretário de Estado, Marco Rubio, em estado de vigilância sobre as “circunstâncias” políticas no Brasil, mas consolida a retomada do fluxo comercial essencial para ambas as nações.
Traduzido e adaptado de BBC News Brasil, pela redação do Movimento PB [G5-MPB-21112025-F4D9A2-V18.2]
