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Empresário chinês banido do Reino Unido é acusado de espionagem e ligação com o príncipe Andrew

O chinês Yang Tengbo, empresário de 50 anos, foi identificado como um suposto espião e teve sua entrada no Reino Unido proibida por questões de segurança nacional. O caso ganhou repercussão após um longo processo judicial e a suspensão de uma ordem que mantinha sua identidade anônima.

Yang Tengbo fora de uma reunião do partido CCP em Pequim

Quem é Yang Tengbo?

Nascido na China em 1974, Yang, também conhecido como Chris Yang, mudou-se para o Reino Unido em 2002, onde concluiu um mestrado em Administração Pública e Políticas Públicas na Universidade de York. Em 2005, fundou a consultoria Hampton Group International, uma das cinco empresas em que atuou como diretor no país.

Yang recebeu permissão de residência permanente no Reino Unido em 2013 e alegou passar, em média, duas semanas por mês no país antes da pandemia. Após ter sua identidade revelada, ele descreveu o Reino Unido como sua “segunda casa” e negou categoricamente as acusações de espionagem.

Ações das autoridades britânicas

Em novembro de 2021, Yang foi detido na fronteira do Reino Unido por razões que não foram divulgadas. Seus dispositivos eletrônicos foram apreendidos, e os dados coletados posteriormente serviram de base para as acusações. Em março de 2023, a então ministra do Interior, Suella Braverman, revogou seus direitos de residência e baniu sua entrada no país, alegando que a medida era “conducente ao bem público”.

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As autoridades britânicas afirmaram que Yang tinha vínculos com o Departamento de Trabalho da Frente Unida (UFWD), órgão ligado ao Partido Comunista Chinês (PCC) conhecido por operações de influência cultural e política no exterior. Dados de seus dispositivos indicaram conexões frequentes com oficiais chineses e suposta intenção de ocultar seus laços com o governo de Pequim.

Embora o tribunal tenha reconhecido que algumas evidências contra Yang poderiam ter explicações “inocentes”, considerou o material suficiente para sustentar a decisão do MI5 de que ele representava um risco à segurança nacional.

Ligação com o príncipe Andrew

Uma das descobertas das autoridades foi uma carta de Dominic Hampshire, conselheiro do príncipe Andrew, afirmando que Yang poderia representar o príncipe em reuniões com potenciais investidores na China. Yang teria ocupado uma posição de “alta confiança” em círculos próximos ao príncipe, embora Andrew tenha declarado que rompeu o contato após recomendações do governo.

A carta foi interpretada como evidência de que Yang poderia facilitar relações entre figuras influentes do Reino Unido e autoridades chinesas, potencialmente manipuladas para interferência política por Pequim.

A resposta de Yang Tengbo

Yang nega veementemente as acusações, afirmando que nunca foi membro do PCC ou realizou atividades em nome do UFWD. Ele argumentou que seus contatos limitados com o governo chinês eram “inevitáveis” devido ao contexto de negócios.

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Yang também alegou ser vítima de um clima político hostil, no qual o Reino Unido endureceu sua postura em relação à China. “Quando as relações estão boas, e investimentos chineses são procurados, sou bem-vindo no Reino Unido. Quando as relações azedam, sou excluído”, disse ele.

O Ministério das Relações Exteriores da China criticou as acusações, classificando-as como “histeria infundada” e “fabricadas para promover uma narrativa anti-China”.

Implicações do caso

O episódio destaca as tensões crescentes entre o Ocidente e a China, com o Reino Unido endurecendo medidas contra supostos casos de interferência estrangeira. Yang afirmou que pretende recorrer da decisão.


Texto traduzido e adaptado de BBC News e revisado pela nossa redação.

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