Especialistas apontam que algoritmos, mais do que celulares, alteram a concentração, impactando memória e relação com a informação.
A dificuldade de concentração é um problema crescente, mas o culpado pode não ser o celular em si. Especialistas sugerem que os algoritmos por trás das redes sociais e plataformas digitais estão reformulando a forma como processamos informações. Essa mudança, estrutural e profunda, vai além do uso de telas, afetando desde a memória até a maneira como interagimos com o mundo.
Impactos Cerebrais dos Algoritmos
Pesquisas indicam que o uso constante de hipertextos — textos com links, comuns em sites e aplicativos — compromete a retenção de informações. Manuel Sebastián, da Unidade de Cartografia Cerebral da Universidade Complutense, explica que links funcionam como distrações, sobrecarregando a atenção, essencial para a memória. Além disso, a presença de telas já alterou o córtex somatossensorial, mudando a percepção tátil e a interação com o ambiente.
Mudanças Estruturais, Não Apenas Funcionais
As transformações não são apenas funcionais, mas estruturais. O cérebro, que naturalmente se reorganiza ao longo da vida, adapta-se ao ritmo frenético dos algoritmos, que priorizam conteúdos rápidos e fragmentados. Embora essa plasticidade cerebral seja historicamente benéfica, especialistas questionam se o atual modelo de consumo digital — guiado por algoritmos que incentivam cliques e engajamento — pode comprometer habilidades cognitivas a longo prazo.
O Papel dos Algoritmos na Distração
Diferentemente do que se pensava, o problema não está apenas no tempo de tela, mas no design das plataformas. Algoritmos personalizados entregam conteúdos que capturam a atenção, mas fragmentam o foco, dificultando a assimilação profunda. “Processar informações de forma diferente não é necessariamente ruim”, afirma Sebastián, mas o desafio é entender se essas mudanças favorecem ou prejudicam o aprendizado e a concentração.
Perspectivas para o Futuro
A discussão sobre o impacto da tecnologia na mente humana não é nova, mas ganha urgência com a onipresença dos algoritmos. Especialistas defendem que é preciso repensar o design digital, priorizando formatos que respeitem a capacidade de atenção humana. Enquanto isso, o debate continua: os avanços tecnológicos são aliados ou obstáculos para o cérebro humano?
Da redação do Movimento PB com informações de Terra, Victor Bianchin