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Área 51: CIA usou caminhões disfarçados para mover avião ultrassecreto

Área 51: CIA usou caminhões disfarçados para mover avião ultrassecreto
Área 51: CIA usou caminhões disfarçados para mover avião ultrassecreto

Em um período onde a espionagem aérea era a vanguarda da coleta de inteligência, muito antes dos drones e satélites dominarem os céus, os Estados Unidos da América enfrentavam um dilema estratégico. No auge da Guerra Fria, a necessidade de aeronaves capazes de voar mais alto e mais rápido que qualquer outra era premente. Foi nesse cenário que a Lockheed, em sua mítica divisão Skunk Works, concebeu o A-12 OXCART, uma encomenda direta da CIA, predecessor do famoso SR-71 Blackbird.

O Gigante Secreto e a Travessia Desértica

O A-12 era uma maravilha tecnológica: um avião de reconhecimento capaz de atingir velocidades superiores a Mach 3, em altitudes tão extremas que seus pilotos necessitavam de trajes pressurizados. Construído na Califórnia, o ultrassecreto aparelho precisava ser testado em um local igualmente misterioso e isolado: a recém-criada Área 51, em Nevada. O desafio era monumental: como transportar um avião de bilhões de dólares, com 32 metros de comprimento, por mais de 700 quilômetros sem que ninguém soubesse?

A Engenhosa Farsa da CIA

A solução da Agência Central de Inteligência foi digna de um roteiro de cinema. Criou-se uma empresa de fachada, a Roadrunners Internationale, que existia apenas no papel, mas contava com caminhões, equipamentos especializados, logotipos autênticos e, o mais importante, motoristas que eram, na verdade, agentes da CIA e da Força Aérea dos EUA disfarçados.

Para a carga, foram desenvolvidos dois contêineres sob medida. O maior, com 32 metros de comprimento e 10,6 metros de largura, abrigava a fuselagem. O segundo, menor, levava as asas, lemes e outras seções removíveis. O conjunto era tão complexo que incluía eixos direcionais operados manualmente para auxiliar nas manobras em rotas desafiadoras.

Anos de Planejamento para uma Viagem Clandestina

A logística dessa operação foi meticulosa, consumindo três anos de planejamento. Rotas foram exaustivamente estudadas, com picapes equipadas com antenas simulando as dimensões da carga para verificar cada curva e obstáculo. Postes foram temporariamente removidos, fiações realocadas e trechos de estradas foram escavados para garantir a passagem segura do comboio.

A primeira missão de transporte ocorreu em 26 de fevereiro de 1962. Os caminhões escolhidos, conforme revelado em fotos desclassificadas, eram modelos Kenworth 923 da série W900. O inverno foi selecionado estrategicamente para a operação, minimizando o risco de atolamentos em estradas de terra. Mesmo assim, imprevistos aconteceram: um caminhão ficou preso e um ônibus da Greyhound chegou a arranhar levemente o contêiner, resultando em um pagamento silencioso para evitar maiores complicações.

Os agentes, atuando como motoristas, viviam em condições espartanas, dormindo em barracas improvisadas durante os pernoites, mas recebiam “luxos” como refrigerantes e café quente, raridades para a época. Ao chegar à Área 51, o avião era cuidadosamente retirado e montado no hangar. Outras operações semelhantes se seguiram entre 1962 e 1964, transportando os demais “Article” do projeto A-12 e, posteriormente, os YF-12.

Esta saga de engenhosidade e sigilo, que permaneceu oculta por décadas, é hoje um testemunho fascinante da era da Guerra Fria. A Roadrunners Internationale, agora com um site oficial, permite que ex-agentes e engenheiros compartilhem detalhes e fotos desclassificadas dessa aventura que marcou a história da espionagem aérea.

Da redação do Movimento PB.

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