Nos últimos anos, tem-se observado um aumento significativo no número de famílias que decidiram processar empresas de redes sociais, como Meta (proprietária do Facebook e Instagram) e Snap (dona do Snapchat), após a perda trágica de seus filhos. Um desses casos é o de Kristina Cahak, mãe da adolescente Morgan Pieper, que se suicidou aos 15 anos de idade após uma batalha silenciosa com a depressão, a automutilação e pensamentos suicidas.
Morgan, uma jovem inteligente, sensível e carismática, começou a usar redes sociais aos 12 anos, inicialmente de forma limitada. No entanto, ao longo dos anos seguintes, seu uso se tornou compulsivo e ela acabou criando múltiplas contas sob identidades falsas, postando conteúdo relacionado à depressão, automutilação e suicídio sem o conhecimento de sua família. Kristina só descobriu essa vida digital paralela de Morgan após sua morte trágica.
Assim como Kristina, centenas de pais nos Estados Unidos estão movendo ações judiciais contra empresas de redes sociais, alegando que seus produtos são viciantes e perigosos para crianças e adolescentes, contribuindo para uma crise de saúde mental sem precedentes entre os jovens. Essas ações buscam que as empresas suspendam práticas prejudiciais e, em muitos casos, incluem pedidos de indenizações.
No entanto, as empresas de redes sociais defendem-se das acusações, afirmando que estão constantemente implementando medidas para proteger os jovens em suas plataformas e que as alegações feitas pelos processadores não são verdadeiras. Elas destacam o trabalho realizado para garantir uma experiência segura e saudável aos usuários jovens e afirmam que as alegações de dependência e danos são infundadas.
O debate sobre os impactos das redes sociais na saúde mental dos jovens ganhou destaque nos Estados Unidos, com audiências no Congresso e um aumento na conscientização sobre o assunto. No entanto, as iniciativas para regulamentar as práticas das empresas de tecnologia têm enfrentado desafios, e muitas das leis propostas estão sendo contestadas na Justiça pelas próprias empresas.
Apesar dos obstáculos legais, as famílias afetadas permanecem determinadas em buscar justiça e impedir que outros jovens sofram os mesmos danos. Para elas, o processo vai além da compensação financeira; é uma questão de responsabilidade e proteção dos mais vulneráveis em nossa sociedade.
Texto adaptado de artigo escrito por Alessandra Corrêa, de Washington para a BBC News Brasil
Fonte: BBC News Brasil