Por Redação do Movimento PB
O hidrogênio verde desponta como uma das apostas mais promissoras para a transição energética global. Países como Alemanha, Japão e Chile já implementam estratégias robustas para produzir, consumir e exportar esse combustível limpo. No entanto, apesar do imenso potencial natural e energético, o Brasil corre o risco de ficar para trás nessa corrida estratégica.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), o hidrogênio pode responder por até 18% da demanda energética global até 2050. Nesse cenário, países com abundância de fontes renováveis — como o Brasil, que tem uma das matrizes mais limpas do mundo — saem em vantagem. Estima-se que o país poderia produzir hidrogênio verde a um dos menores custos globais, aproveitando sua infraestrutura eólica e solar.
No entanto, a falta de um marco regulatório definido, a escassez de investimentos em larga escala e a lentidão na criação de uma cadeia produtiva nacional robusta têm levantado alertas entre especialistas do setor. Em contrapartida, países como Chile e Austrália já estruturam zonas francas de hidrogênio e atraem grandes multinacionais, incluindo a própria Siemens Energy, que recentemente abriu vagas para especialistas em segurança cibernética voltados exclusivamente para plantas de produção de hidrogênio.
No Brasil, estados como Ceará, Bahia e Rio Grande do Norte anunciaram memorandos de entendimento com empresas estrangeiras, mas muitos desses projetos ainda não saíram do papel. Enquanto isso, a falta de capacitação técnica específica e o atraso na regulamentação travam o avanço de um setor que poderia gerar empregos, impulsionar a reindustrialização e transformar o país em um dos maiores exportadores de hidrogênio do mundo.

“Não se trata apenas de produzir hidrogênio, mas de posicionar o Brasil como fornecedor de soluções energéticas limpas em um mundo cada vez mais exigente em termos de sustentabilidade”, afirma um relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A Siemens, uma das líderes globais em soluções para a transição energética, aposta em tecnologias de digitalização e segurança para plantas de hidrogênio. A movimentação da empresa sinaliza a urgência de preparar o ecossistema técnico, jurídico e industrial necessário para que o Brasil possa competir em igualdade com outras nações.
Se não agir com rapidez e visão estratégica, o país pode repetir o erro histórico de exportar apenas commodities enquanto compra soluções tecnológicas de fora. O momento é agora: o mundo está de olho no hidrogênio, e o Brasil não pode perder mais uma revolução energética.
Fontes consultadas:
- Agência Internacional de Energia (IEA). The Future of Hydrogen – Seizing today’s opportunities. Publicado em junho de 2019.
- Confederação Nacional da Indústria (CNI). Nota Técnica: Potencial do hidrogênio verde no Brasil.
- Siemens Energy. Hydrogen Solutions. Acesso em abril de 2025.
- Ministério de Energia do Chile. Estrategia Nacional de Hidrógeno Verde. Publicado em 2020.
- Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Hidrogênio Verde: Panorama, desafios e oportunidades para o Brasil. Publicado em 2022.
- Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Estudo técnico sobre capacitação profissional para a economia do hidrogênio. Acesso em abril de 2025.