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A verdade sobre o “café fake”: produto proibido se espalha pelos supermercados

Anvisa proíbe três marcas de “pó para bebida à base de café” com impurezas e matérias estranhas vendido como café tradicional

Anvisa proíbe três marcas de “cafake”

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu no dia 2 de junho três marcas de “café fake” encontradas em supermercados brasileiros. Os produtos Master Blends, Melissa e Pingo Preto foram retirados do mercado por conter impurezas e matérias estranhas, sendo vendidos como café tradicional por preços até 50% menores.

O “cafake”, como tem sido chamado nas redes sociais, trata-se de um “pó para preparo de bebida à base de café” que mistura café com cascas, mucilagem, pau, pedra e palha – resíduos que não são café, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic).

Contaminação e irregularidades detectadas

As inspeções do Ministério da Agricultura identificaram graves irregularidades no café fake. Entre os problemas encontrados estão o uso de matéria-prima contaminada com ocratoxina A, uma micotoxina produzida por fungos, e presença de matérias estranhas como cascas e resíduos.

Os produtos também apresentaram contaminação no produto acabado, indicando falhas nas boas práticas de fabricação e controle de qualidade. Os rótulos continham imagens e informações que confundem o consumidor, fazendo-o acreditar que estava comprando café tradicional.

Preço alto do café estimula produtos similares

O café foi um dos itens que mais encareceram em 2024, com alta de 39,6% segundo o IPCA, contra 4,83% da inflação geral. O preço elevado estimulou o aparecimento de substitutos e produtos similares, como o café fake vendido por R$ 13,99 o meio quilo, contra quase R$ 30 do café tradicional.

Segundo especialistas, a proliferação de produtos “que parecem, mas não são” se fortalece em momentos de inflação de alimentos. A lista inclui bebida láctea, óleo composto, creme culinário e diversos produtos à base de soro de leite.

Indústria aproveita subprodutos para baratear custos

A professora Ana Paula Bortoletto Martins, da USP, explica que a indústria desenvolveu diversos produtos lácteos a partir do soro do leite, subproduto da produção de queijo que antes era descartado. Surgiram itens como mistura láctea condensada, composto lácteo e cobertura cremosa.

“A indústria tira a matéria-prima que custa mais e substitui pela que custa menos. Isso é comum principalmente nos países em desenvolvimento”, afirma a especialista.

Consumidores precisam ficar atentos aos rótulos

O Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) alerta que muitos produtos similares dificultam a diferenciação por parte do consumidor. A rotulagem problemática faz com que pessoas só percebam que compraram algo diferente após chegar em casa.

Para identificar ultraprocessados, a nutricionista Mariana Ribeiro recomenda procurar três ingredientes no rótulo: corantes, aromatizantes e edulcorantes. A ordem dos ingredientes é decrescente, mostrando quais estão em maior proporção no produto.

Com informações de BBC Brasil, Anvisa, Associação Brasileira da Indústria do Café


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