Dentro dos escombros de Chernobyl, testemunha de um dos piores desastres nucleares da história, a natureza revela uma surpreendente adaptação.
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Princeton (EUA) descobriu que os lobos da região desenvolveram uma resistência ao câncer, apesar da intensa exposição diária à radiação.
Desde o desastre nuclear de 1986, a zona de exclusão de Chernobyl se tornou um laboratório natural para cientistas interessados nos efeitos da radiação sobre a vida selvagem.
Os pesquisadores coletaram amostras de sangue dos lobos e utilizaram dispositivos de monitoramento para acompanhar sua exposição à radiação. Surpreendentemente, os resultados revelaram que esses animais enfrentam uma radiação diária seis vezes acima do limite de segurança para humanos, totalizando mais de 11,28 milirem.
As análises mostraram alterações no sistema imunológico dos lobos, semelhantes às observadas em pacientes humanos submetidos a tratamentos de radioterapia contra o câncer. Além disso, regiões específicas do genoma dos lobos demonstraram ser mais resistentes ao risco de câncer, indicando uma adaptação evolutiva extraordinária.
Segundo os pesquisadores, essa descoberta oferece novos insights sobre a capacidade da vida de se adaptar a condições extremas.
O desastre nuclear de Chernobyl, ocorrido na Usina Nuclear Vladimir Ilyich Lenin, é um marco na história recente da humanidade. O acidente resultou de um teste de segurança mal-sucedido que levou à explosão de um dos reatores da usina, dispersando uma enorme quantidade de radiação na atmosfera.
A nuvem radioativa atingiu diversos países europeus, incluindo Suécia, Finlândia, Alemanha e até mesmo a Grã-Bretanha. Estima-se que a radiação liberada tenha sido 400 vezes maior que a da bomba atômica de Hiroshima, durante a Segunda Guerra Mundial.
Mais de 600 mil pessoas trabalharam diretamente em Chernobyl para conter as emissões de radiação. Atualmente, o prédio do reator 4 está envolto em uma estrutura de contenção para limitar ainda mais a dispersão de radiação. O número de vítimas do desastre varia entre 20 mil e 93 mil, com os números oficiais da época indicando apenas 31 mortes diretamente ligadas ao acidente.
Fonte: Baseado em informações de Gabriel Andrade do Gizmodo.