Cinzas de 166 Pessoas se Perdem no Espaço Após Falha em Cápsula de Retorno
Um incidente preocupante abalou o crescente setor de “funerais espaciais” após a perda de uma cápsula que transportava as cinzas de 166 pessoas. O módulo, desenvolvido pela startup alemã The Exploration Company (TEC) para a empresa americana Celestis, deveria ter retornado à Terra com as urnas funerárias, mas a comunicação foi perdida durante a reentrada na atmosfera. Este evento levanta questões sobre a segurança e confiabilidade de serviços que prometem uma última homenagem no cosmos, mas que enfrentam desafios inerentes à complexidade das missões espaciais.
A cápsula “Nyx Mission Possible”, após orbitar o planeta duas vezes no final de junho, tinha como objetivo devolver os restos mortais às famílias enlutadas. No entanto, o contato foi interrompido no momento crítico da reentrada. Além das cinzas humanas, o módulo transportava material vegetal e sementes de cannabis, parte de um experimento sobre os efeitos da microgravidade, com foco em futuras missões a Marte. A TEC informou que está investigando a falha para determinar as causas da perda.
“Esperamos que as famílias encontrem algum conforto ao saber que seus entes queridos fizeram parte de uma jornada histórica. Lançados ao espaço, orbitaram a Terra, e agora descansam na vastidão do Pacífico, semelhante a um tradicional e honroso espalhamento no mar.”
Serviço de Voos Memoriais Espaciais: O Que Aconteceu?
O serviço de voos memoriais espaciais, oferecido pela Celestis, permite que famílias enviem cinzas ou amostras de DNA de entes queridos e até animais de estimação para uma homenagem póstuma fora da Terra. A proposta é que, após a órbita, a cápsula retorne, e um vídeo da missão seja entregue para celebrar “o dia em que seu ente querido tocou o céu”. Em 2024, a Celestis já havia enviado ao espaço restos mortais de figuras ligadas à obra de ficção científica Star Trek, como seu criador, Gene Roddenberry.
Os preços para este serviço variam significativamente, de 3.495 dólares (cerca de R$ 19 mil) para a opção mais simples, onde a cápsula permanece poucos instantes em ambiente de zero gravidade antes de retornar, até 49.995 dólares (cerca de R$ 274 mil) para missões mais elaboradas que incluem órbitas ao redor da Terra, da Lua, ou viagens ao “espaço profundo”. O serviço mais sofisticado prometia até o pouso na Lua com retorno posterior. A TEC, responsável pela missão, assegura em seu site que “todas as missões são conduzidas em estrita conformidade com as leis nacionais e internacionais, são fáceis de organizar e oferecem uma garantia de desempenho”.
A Investigação da Perda e as Implicações para as Famílias
Em comunicado divulgado no LinkedIn, a TEC detalhou que o contato com a cápsula foi restabelecido durante a reentrada, após um blecaute padrão causado pelo aquecimento extremo. No entanto, a comunicação foi perdida novamente a uma altitude de 26 km, pouco antes da fase de abertura dos paraquedas. “Para compreender melhor o ocorrido, estabelecemos uma equipe de investigação independente. As conclusões serão compartilhadas com nossos clientes, investidores e equipes internas”, afirmou a empresa, que já havia pedido desculpas a todos os clientes pela falha.
Charles Chafer, CEO da Celestis, confirmou que esta foi a primeira missão em que as cápsulas deveriam retornar à Terra. Diante do ocorrido, ele expressou a crença de que “não será possível recuperar ou devolver as cápsulas de voo”. Chafer compartilhou a decepção das famílias, oferecendo gratidão pela confiança depositada. O incidente destaca os desafios inerentes à exploração espacial e o impacto emocional quando as expectativas de serviços tão singulares não são atendidas.
Da redação com informações da Deutsche Welle [MCP-20250708-1427-25F]